Diagnosticada com câncer de mama há 10 anos, a tailandesa Nongluck Chairuettichai, de 63 anos, descobriu no longboard um caminho para sua recuperação.
Diagnosticada com câncer de mama há 10 anos, a tailandesa Nongluck Chairuettichai, de 63 anos, descobriu no longboard um caminho para sua recuperação.| Foto: Reprodução/Youtube The Malaysian Insight

De todas as situações difíceis e desafiadoras que surgem ao longo de nossas vidas, a gente sempre consegue tirar um “bem maior”, não é? Afinal, por mais difícil que seja conseguir enxergar isso em meio ao caos, essas situações sempre nos ensinam e nos motivam a buscar uma melhor versão de nós mesmos.

E foi exatamente isso que aconteceu com a tailandesa Nongluck Chairuettichai, de 63 anos, que há 10 anos foi diagnosticada com câncer de mama. Depois de passar por uma cirurgia, enfrentar longas sessões de quimioterapia e ver seu corpo se transformando em apenas “pele e osso”, Nongluck descobriu, justamente durante o seu caminho de recuperação, uma nova paixão para a vida toda: o longboard.

“Quando você anda de skate todos os dias, pode sentir seu corpo se tornando mais forte e mais saudável. E isso ajudou tremendamente na recuperação”, disse a tailandesa em entrevista à AFP. “Mais importante ainda, é divertido!”, afirmou Nongluck, que prefere ser chamada pelo apelido de Jeab.

Nova paixão

De início, o interesse surgiu por pura curiosidade. Jeab viu seu filho Soteera, de 37 anos, praticando o esporte em um parque próximo e decidiu se arriscar. “Ela sempre foi do tipo aventureira, então não fiquei surpreso que ela quisesse praticar longboard”, contou o filho.

E não é que, logo na primeira experiência, a tailandesa surpreendeu? Enquanto a maioria dos novatos se sentem inseguros para conseguir se equilibrar em cima da prancha de madeira, Jeab mostrou que tem um ótimo equilíbrio e já começou cheia de confiança.

Não demorou muito para o esporte – que costuma ser dominado por adolescentes – se tornar um novo vício. Em poucos meses, a idosa começou a competir em torneios e, naturalmente, ficar conhecida entre os praticantes de longboard de Bangkok, capital da Tailândia.

Reprodução/Youtube The Malaysian Insight
Reprodução/Youtube The Malaysian Insight

Inspiração

E agora, a nova paixão está levando a tailandesa cada vez mais longe. No ano passado, Jeab se tornou o membro mais velho a se juntar à equipe nacional de longboard da Tailândia. Em entrevista à AFP, o diretor da equipe, Apichat Rutnin, afirmou orgulhoso que Jeab é uma inspiração para muitas pessoas, especialmente para as meninas. “Agora você pode ver que mais garotas, de jovens a adultas, começaram a se envolver em esportes de prancha”.

Para o filho, essa nova fase da mãe tem um significado ainda mais especial. Segundo ele, ver a mãe lutando contra o câncer o fez perceber o quão forte ela é. “Fico preocupado por ela ser idosa, mas ficar preocupado até que ela não possa fazer nada não é uma boa maneira de cuidar de alguém”, disse Soteera. “Ela tem que viver sua vida”.

E, sem dúvida, Jeab passou a viver a própria vida com muito mais intensidade. Apesar de ter sido desencorajada por alguns amigos e até mesmo por alguns skatistas, a tailandesa foi persistente e hoje carrega a paixão pelo longboard na própria pele. “Amante do longboard” foi a frase escolhida para uma tatuagem em seu antebraço.

“Quando estou praticando longboard, sinto-me livre”, diz ela. “Parece que estou deixando tudo para trás, todos os problemas e conflitos da vida”. Segundo Jeab, durante os torneios, seu objetivo não é bater todos os recordes de velocidade, mas sim, a paz de espírito. “Eu patino para minha felicidade. Isso é tudo e isso é o suficiente”.

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