Chegar a um país desconhecido, sem dominar o idioma, sem conhecer pessoas, sem ter onde ficar e, muitas vezes, sem documentos. É assim que muitos refugiados vêm parar no Brasil e precisam de muito mais do que empatia e solidariedade. Em pouco mais de 11 anos pelo menos 10 mil pessoas, de 55 nacionalidades, passaram pelo Instituto Adus, uma organização que promove integração e inclusão.
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A lei 9474/1997 implementou o Estatuto dos Refugiados no Brasil e reconhece que refugiado é aquele que precisa, de forma forçada, migrar para outro país em decorrência de fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. “Essas pessoas têm que reconstruir a vida praticamente do zero”, afirma Marcelo Haydu, fundador e diretor presidente do Instituto.
Direitos garantidos no papel
Ele explica que a documentação é algo que a legislação brasileira garante a essas pessoas, mesmo que a burocracia leve algum tempo (às vezes meses, de acordo com Marcelo), mas o mais difícil é efetivamente promover a integração dos refugiados na sociedade. “Os principais desafios são moradia, acolhimento e geração de renda. Reconhecimento do conhecimento e da formação que eles têm para que possam ter bons trabalhos”, ressalta.
Marcelo diz, ainda, que em muitos casos, as pessoas que chegam ao Brasil tinham boas profissões e bons empregos nos países de origem, mas viajam com recursos para se manterem por poucos meses. A dificuldade em conseguir trabalho, aqui, na mesma área em que atuavam, é imensa, segundo o diretor.
São doações e o trabalho de voluntários que, basicamente, mantêm o Instituto Adus funcionando. A entidade oferece orientação jurídica, capacitação, intermediação junto a empresas para colocação profissional e ensino de português. Ainda, conta com uma escola de idiomas, com professores refugiados e que gera renda tanto para essas pessoas, como para gerir a entidade.
Preconceito é um grande obstáculo
E mesmo diante de todas as dificuldades que já levaram uma pessoa a deixar o país, Marcelo ressalta que chegar ao Brasil não garante uma vida fácil. O preconceito ainda é um obstáculo que os cerca de 250 refugiados atendidos por mês precisam enfrentar todos os dias. “Essas pessoas não são bem-vindas, não são acolhidas e isso só tem dificultado o processo”, lamenta Marcelo. “É preciso que as pessoas entendam que o refúgio é uma migração forçada, não é uma escolha. É uma imposição fruto de perseguição, violação de direitos humanos e conflitos armados”, conclui.