A pandemia interferiu na vida de todos e afetou drasticamente inúmeras famílias. Mas um dos grupos que sofreram mais intensamente esse período foi o da população em situação de rua.
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O perigo do contágio levou vários projetos de ajuda a interromperem as suas atividades nesse período. Mas entre as diversas iniciativas que compreenderam que não era hora de parar estava o Bem da Madrugada, nascido em São Paulo e que havia acabado de realizar uma grande expansão das suas atividades para outras cidades.
Para quem já tinha experiência nas ruas, a mudança do cenário era evidente. “A partir da pandemia, a gente passou a encontrar nas ruas muitas famílias, muitas crianças, o que antigamente não era comum”, conta Priscila Rodrigues de Souza, presidente do Instituto Somando Mais Ações, que realiza o Bem da Madrugada.
O projeto, iniciado há cerca de 20 anos por três amigos universitários que queriam fazer o bem à população de rua sem depender de um vínculo religioso ou político para tanto, passou por um hiato e foi retomado há oito anos. Hoje está presente em 52 cidades, em todas as regiões do Brasil e também no exterior – Buenos Aires, Dublin, Los Angeles e Londres, por exemplo, contam com iniciativas do grupo.
Só na capital paulista, entre 250 e 300 voluntários participam de cada ação de distribuição de alimentos, roupas, produtos de higiene e ração para animais, que acontece uma vez por semana, ao longo de pelo menos 25 rotas dentro da cidade. Quem não tem disponibilidade para caminhar pelas ruas pode se voluntariar para trabalhar na arrecadação, montagem e armazenamento dos kits.
Mas Lucas dos Santos Pires, que atua no projeto há dois anos, sublinha que os kits, ainda que muito importantes, são quase que um pretexto. “O importante é a gente chegar e trocar uma ideia com pessoas que são ignoradas todos os dias”, conta o jovem de Guarulhos, que participa das ações tanto em sua cidade quanto na capital. Priscila corrobora: “A gente preza muito pela conversa, perguntar o nome, sentar, conversar, o olho no olho. A ideia é olhar para a pessoa de outra forma”, diz.
Novas frentes
Com a experiência nas ruas, o Instituto Somando Mais Ações identificou outras necessidades da população e deu início a outros projetos, além da entrega dos kits. Hoje médicos, psicólogos e veterinários podem se cadastrar como voluntários para dedicar uma parte do seu tempo às pessoas em situação de rua. Quem quiser participar ou fazer uma doação para os projetos, pode acessar o site de cada iniciativa: Bem da Madrugada, Psicólogos nas Ruas, Médicos nas Ruas e Veterinários nas Ruas.
“Muita gente quer fazer trabalho voluntário, mas não sabe por onde começar ou têm receio de fazer sozinho”, afirma Priscila. O caráter independente do instituto, sem afiliações religiosas ou políticas, assim, é quase que um convite que não exclui ninguém de se pôr à disposição de quem mais precisa. “É legal saber que o projeto é independente. Com a minha religião, aprendi que o amor deve estar acima de tudo, deve ser independente de qualquer coisa. Só precisa ser gente pra ajudar mais gente a ser gente”, finaliza Lucas.