Geralmente se alguém se propõe a apoiar uma ONG é porque se sentiu tocado pela causa que ela defende (saúde, educação, meio ambiente, proteção animal), mas pouca gente lembra que a organização, em si, também precisa sobreviver – pagando água, luz, telefone, internet, aluguel do espaço, funcionários, etc. Foi pensando em dar uma “autonomia financeira” a essas iniciativas que nasceu o movimento Arredondar, uma ONG que ajuda outras ONGs a manterem as portas abertas e o foco nas ações que realizam.
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“A ideia é simples: inspirar pessoas a fazerem pequenas doações, dentro de sua rotina de compras”, diz a diretora-executiva da ONG, Beatriz Bouskela. “No momento de pagar uma conta, o cliente é convidado a arredondar o valor total até o número cheio mais próximo. Então, uma conta que deu R$ 17,80, por exemplo, arredonda para R$ 18 e os R$ 0,20 são destinados para apoiar uma causa”, explica. Com o modelo de negócio, já foi possível inspirar 26 milhões de atos solidários até agora.
Sulamita Santana, responsável pela comunicação institucional do Arredondar, enfatiza que o benfeitor não precisa fazer nenhum tipo de cadastro ou passar dados pessoais. Afinal, a premissa é justamente descomplicar o ato de doar. “De centavo em centavo doado, já foram arrecadados mais de R$ 5,5 milhões, gerando recursos para 55 projetos sociais e ambientais de todas as regiões do país”, aponta.
As microdoações também impactaram a vida de mais de 2 milhões de pessoas nas cerca de 15 transações registradas por minuto, em 2019. Tudo isso graças à uma enorme cadeia de marcas que “vestiram a camisa” e treinaram seus funcionários para entusiasmar os clientes.
O início
A implantação do esquema de empreendedorismo social baseado na cooperação coletiva nasceu em 2011, por meio do administrador de empresas Ari Weinfeld, hoje membro do conselho estratégico da ONG. “Ele já vinha trabalhando no varejo há muitos anos e sempre foi uma pessoa muito engajada com a solidariedade. Depois que vendeu a empresa, ficou fascinado ao descobrir uma forma de captar recursos que já estava funcionando na Alemanha e que era essa do arredondamento por meio do troco no varejo”, conta Beatriz.
Atualmente, o Arredondar tem abrangência nacional e funciona em lojas físicas, no pagamento de fatura do cartão de crédito e no check out de e-commerces. A escolha das organizações que serão ajudadas é feita levando em conta uma série de critérios, como ser juridicamente uma associação privada sem fins lucrativos, ter pelo menos um funcionário em regime CLT e atuar em causas como cidadania, cultura e esportes, além de estar alinhada com um dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), para 2030.
Missão
O trabalho está focado, principalmente, em fazer da doação um hábito. “Ir atrás de fontes de recursos diversas custa tempo e quando o Arredondar parte de uma solução tecnológica, até para fortalecer essa sustentabilidade das organizações, está mobilizando uma rede gigante que poucas delas conseguiriam mobilizar sozinhas”, comenta Sulamita.
“O nosso objetivo também é que as organizações possam gastar menos tempo focando em captação de recursos e possam estar mais focadas ainda no impacto que elas estão gerando lá na ponta”, completa Beatriz.