Cursar uma faculdade não é tarefa fácil para ninguém, principalmente quando há a necessidade de adequar a agenda universitária ao papel de mãe. É comum encontrar nos corredores das instituições de ensino superior mulheres gestantes ou que já têm filhos. E mais comum ainda é o fato de que muitas dessas estudantes acabam abandonando o curso por não ter com quem deixar os filhos.
Percebendo que muitas mulheres precisavam de ajuda nessa área, alunos do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) criaram um projeto onde voluntários do próprio curso cuidam dos filhos das colegas. A Rede Mãos Dadas de Apoio às Mães Universitárias (Remad) teve um empurrão extra para começar, quando uma aluna de enfermagem precisou desistir porque não tinha com quem deixar o seu filho. Logo em seguida, o Centro Acadêmico do curso abraçou a ideia e aliou-se aos alunos envolvidos no projeto, principalmente as alunas que compõem a coordenação do projeto: Thamires Arcanjo, Carla Malta e Jaqueline Montenegro.
Em coral só de mães, mulheres se fortalecem mutuamente e reforçam vínculos com seus bebês
Mas para que tudo entrasse nos eixos foram necessários seis meses. Era preciso captar recursos com rifas e a realização de minicursos para a arrecadação de brinquedos. O projeto começou oficialmente em outubro de 2018. Ao G1 Alagoas, Anne Laura, professora de saúde da criança e orientadora do projeto contou que apesar das dificuldades, todos os envolvidos sempre acreditaram muito no Remad. “Tanto é que começamos em uma sala não fixa, cedida pela universidade. A intenção é em breve termos um espaço próprio”, explicou.
O projeto atende atualmente 13 mães e 14 crianças, segundo Thamires Arcanjo. São 44 voluntários, dos mais diversos cursos da universidade que contam com o auxílio de quatro professores. Para ingressar na equipe é preciso passar por um processo seletivo online e presencial. Além disso, três parceiros que fornecem produtos que se tornam brindes das rifas para arrecadação de recursos.
Expectativas para o futuro
Para 2019, o grupo tem o desejo de expandir o projeto, abraçando mães de diversos outros cursos. “Nossa maior expectativa é mesmo para a concessão de uma sala, pois nós temos muitos materiais e todos os dias precisamos nos deslocar com eles”, explica Thamires. Ela conta ainda, que o fato de não terem uma sala fixa, faz com que o Remad acabe usando o espaço do hall do bloco de Enfermagem, o que acarreta por vezes no dano ou perda dos materiais.
Outras mudanças estão previstas, como um novo processo seletivo para que mais alunos possam vivenciar a experiência de estar junto das crianças e contribuir para a vida dela e da mãe, além da realização de eventos com a finalidade de arrecadar novos brinquedos, materiais de papelaria, higiene pessoal, e outros itens de extrema necessidade. Atividades temáticas e comemorativas, como oficinas de pintura e de culinária devem acontecer a partir de agora.
E as coordenadoras do projeto têm ainda a pretensão de contar suas experiências em um livro. “Queremos apresentar o projeto, mesclando nossa vivência com as mães universitárias, com os fundamentos do projeto, e mostrando como ele mudou a vida das alunas de nossa universidade”, finaliza Thamires. É possível conhecer o projeto pelo perfil da Remad no Instagram.
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