Apaixonada por andar de bicicleta desde criança, a gaúcha Rita Siminovich, de 43 anos, mantém uma rotina assídua de pedaladas pelas ruas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O vento no rosto, a sensação de liberdade e o esforço que a atividade exige fazem com que a secretária executiva se sinta fortalecida para enfrentar os desafios do dia a dia.
Segundo ela, sempre que pedalava, alguns pensamentos começavam a inquietá-la. “Ficava imaginando as pessoas que não poderiam ter esse prazer. Como seria para um cego? Um cadeirante? Ou para uma pessoa que não consegue se equilibrar sozinha por algum problema neurológico?”, conta a gaúcha. Motivada por esses questionamentos, Rita decidiu fazer algo por essas pessoas e provar que andar de bicicleta também poderia ser possível para elas.
Ela não pode caminhar e ele não enxerga, mas juntos escalam montanhas
Foi aí que, no ano de 2016, nasceu o Pedal da Inclusão. Em parceria com a Associação dos Cegos do Rio Grande do Sul (ACERGS), o projeto deu os seus primeiros passos com a aquisição de onze bicicletas Tandem (modelo com dois lugares), nas quais uma pessoa que enxerga – chamada de vidente – vai na frente e o deficiente visual, atrás. “Uma das partes mais importantes desse passeio é a descrição verbal feita dos lugares pelos quais estão passando. Afinal, os videntes são os olhos da sua dupla”, explica a idealizadora do projeto.
Paixão pelo ciclismo e vontade de fazer o bem
De lá para cá, o projeto se tornou uma associação integrada por dezenas voluntários que têm algo muito especial em comum: a paixão pelo ciclismo e a vontade de fazer o bem. Hoje, o Pedal da Inclusão trabalha com duas instituições: uma de pessoas com várias deficiências oriundas de paralisia cerebral e outra com pessoas autistas. “A felicidade dessas pessoas em ter aquela mesma sensação que tenho é inexplicável. Não é possível descrever em palavras. Para algumas delas, trouxe até mais uma razão de viver”, conta Rita.
Os voluntários conseguem os recursos necessários para a aquisição das bicicletas especiais através da venda de tampinhas de garrafa pet e de doações. Com isso, além da inclusão, o projeto promove envolvimento e uma melhor compreensão sobre a reciclagem, o bem-estar e o meio ambiente.
“Procuramos fazer passeios periódicos para a conscientização de doenças como esclerose múltipla e câncer”, conta a idealizadora. “Nesses ‘pedais’, levamos algumas pessoas pelas ruas e levantamos a bandeira de que, se cuidarmos e buscarmos o tratamento certo, a qualidade de vida aumenta e os problemas são amenizados”.
Outras ramificações do projeto também estão fazendo a diferença na vida de muitas pessoas. Uma vez por mês, o Pedal dos Coroas leva idosos para sentir a liberdade e a alegria de andar de bicicleta. E para os amantes da leitura, a Bikeoteca, em parceria com o banco de livros da cidade, distribui livros mensalmente no Parque da Redenção.
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