Quando percebeu que as notificações de aplicativos em seu celular ocupavam boa parte do seu dia, o distraiam e o afastavam das relações reais, Justin Rosenstein decidiu apagar todas as redes sociais, aplicativos de notícias e e-mails de seu telefone. Ele queria estar mais presente no mundo offline. Hoje não é difícil encontrar pessoas que estão tomando essa inciativa, mas o mais curioso aqui é que Rosenstein é justamente o matemático responsável pela criação do botão curtir no início do Facebook.
“A tecnologia só deve prender nossa atenção nos momentos em que nós queremos, conscientemente, prestar atenção nela”, disse Rosenstein à BBC. “Em todos os outros casos, deve ficar fora do nosso caminho”, emenda. Segundo ele, já era comum em sua rotina tornar o telefone uma muleta para filmar momentos especais ou ainda ter sua atenção desviada em uma situação bastante importante emocionalmente.
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Diante de sua constatação e consequente decisão por deixar o mundo online para viver de fato no mundo real, Rosenstein passou a pregar a conscientização de desenvolvedores como ele. A intenção é que essas pessoas responsáveis pelo aplicativos que virão permitam que os usuários tenham autonomia para controlar suas mentes e sua atenção. “Temos que permitir que as pessoas não se comuniquem apenas online, mas que realmente se encontrem e tenham conexões profundas e verdadeiras pessoalmente”, afirmou.
Consequência inesperada
Rosenstein explicou que a principal consequência inesperada nessa cultura digital atual é o fato de que as redes sociais prendem a atenção independentemente da intenção ou vontade da pessoa. “Muitas vezes, nos vemos ‘rolando’ algo no telefone e 30 minutos depois sentimos que não foi um tempo bem gasto, sentimos que perdemos um pedaço do dia”, alertou.
Ele ensina ainda que é preciso estar atento aos diferentes grupos de aplicativos, porque existem aqueles que podem estar somente roubando o tempo e a atenção, como as redes sociais e aplicativos de mensagens. Mas há ainda aqueles que trazem funcionalidade e contribuição considerável para a rotina, portanto, vale a pena mantê-los no celular.
Curtir é muito simples
Outra questão perigosa, segundo Rosenstein é que hoje as redes sociais são muito eficientes em mostrar coisas que as pessoas gostam e que vão chamar sua atenção de volta para elas. “Então, quando eu criei originalmente o botão curtir, há muitos anos, isso parecia uma boa primeira aproximação para aquilo que chama a atenção de alguém”, lembrou. Se você está tentando identificar qual é o conteúdo mais útil para mostrar a alguém, de acordo com ele, essa parece ser uma ideia muito boa. “Mas se você parar aí, há problemas”, disse.
“Se você continuar a mostrar às pessoas apenas as informações de que elas gostam, e não aquelas que contradizem suas perspectivas e podem desafiar intelectualmente, vamos criar bolhas onde as pessoas continuamente veem informações que concordam com o que elas pensam”, disse. Ele ainda conclui que “Curtir é uma emoção simples, uma reação muito simples para ser a única coisa a se basear nas redes”
Quando perguntado pelo repórter da BCC se hoje ele se arrepende por ter criado a principal fonte da distração que agora tanto critica, Rosenstein explicou: “Nenhum arrependimento. Sempre que se tenta progredir, haverá consequências inesperadas”. Para ele, é importante ter humildade e muita atenção no que acontece depois, para fazer mudanças conforme for apropriado.
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