Bilhetes que oferecem ajuda para compras no supermercado ou para retirada de medicamentos em farmácias de Lisboa têm se tornado comuns em diversos bairros da capital portuguesa nos últimos dias. As ações começaram na última quinta-feira (12), depois que o governo do país decretou o fechamento de bares, suspendeu atividades nas escolas e limitou o funcionamento de centros comerciais para conter a proliferação do novo coronavírus.
“Tendo em conta que o contágio é mais perigoso em pessoas com mais de 65 anos, me disponibilizo para ir ao supermercado ou à farmácia, caso necessite”, escreveu o português Bruno Freitas aos vizinhos de seu prédio no centro da cidade. Além de espalhar o recado pelos vidros do condomínio com o número de seu apartamento, ele ainda postou a imagem em sua página no Facebook para incentivar outras pessoas a replicarem a ideia. “Vamos todos fazer a nossa parte”.
Assim como ele, a profissional de relações públicas Naíde Muller também decidiu usar o tempo livre para ajudar pessoas com saúde mais vulnerável que ela, e garantiu que faria as compras voluntariamente usando máscara, luvas e com o carro bem fechado. “Estou disposta a ajudar os mais velhos”, escreveu a lisboeta em suas redes sociais.
De acordo com o jornal português País ao Minuto, essas demonstrações de gentileza se espalharam rapidamente e moradores de outras regiões do país — como o estudante de Gestão de Marketing Francisco Teixeira — também começaram a espalhar o “bilhete solidário” pela vizinhança.
"Me coloquei no lugar da minha avó, que é octogenária, vive sozinha e, como tantos outros, precisa que a ajudem”, disse o rapaz de 20 anos em entrevista ao jornal. “Então, pensei que poderia fazer isso sem problema nenhum", completou, ao afirmar que mora Baguim do Monte, a 330 quilômetros da capital.
Idosos correm maior risco
Segundo dados recentes divulgados por médicos e pesquisadores que acompanham infectados pelo Covid-19, a doença apresenta maior número de complicações e necessidade de internamento entre pessoas de idade avançada. Dos 70 aos 79 anos, por exemplo, o risco de o problema evoluir para morte é de 8%, e entre indivíduos de 80 a 89 anos, essa proporção chega a 14,8%, número muito maior que a taxa de 0,2% existente entre infectados de 10 a 39 anos.
Por isso, a recomendação é que familiares e amigos estejam atentos a esse grupo de risco, evitem levar os avós a ambientes com aglomeração de pessoas e aumentem os cuidados com a higiene desses idosos, incentivando-os a lavar bem as mãos e a usarem álcool em gel com frequência. Além disso, é necessário procurar auxílio médico imediato diante de sinais como falta de ar, cansaço excessivo com esforço respiratório e alteração nos níveis de consciência.