Manter em ordem o ambiente em que se vive e deixar as tarefas em dia faz parte da manutenção da saúde mental| Foto: Bigstock
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Você se considera uma pessoa organizada? Se eu perguntasse, agora, sobre as contas pagas de luz ou sobre o seu diploma da faculdade, saberia dizer prontamente onde estão? Já perdeu algum prazo ou compromisso simplesmente por não lembrar (e nem ter anotado em um lugar visível) ou passou horas procurando a carteira antes de sair?

Pois é, quando a gente é mais novo, tem a plena certeza de que ter uma vida em ordem não passa de frescura – ou pura chatice dos adultos. “Qual a necessidade de ter uma agenda ou de deixar os livros da escola arrumados?”, lembro que eu pensava. Mas, meu pai sempre dizia: “O quarto é um espelho da nossa mente”. Hoje, isso faz todo sentido.

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“Manter a casa organizada é parte da manutenção da nossa saúde mental. Viver em um lugar bagunçado pode ser reflexo de como nós estamos internamente”, atesta o psicólogo Rafael Vasconcelos. “Trabalhei em uma clínica para dependentes químicos e os enfermeiros olhavam o armário dos pacientes para avaliar como estavam reagindo ao tratamento”, recordou o especialista.

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E, ao contrário do que eu pensava na juventude, quem “perde” tempo organizando as coisas e antevendo tarefas, ganha agilidade e eficiência na hora de executá-las. “Organização é uma virtude essencial. Ainda mais agora com o home office, em que viramos gestores da nossa própria rotina”, diz Vasconcelos.

O trabalho feito em um lugar desarrumado, segundo ele, vai sair desarrumado. Além do que, assim como a bagunça, a ordem também pode ser contagiante. “Não é muito melhor entrar em um lugar organizado onde as coisas fluem naturalmente?”, constata, ao citar aumento da produtividade, diminuição do estresse, gestão do tempo, foco nas tarefas e bem-estar como principais retornos.

Descoberta

No livro A mente organizada, o neurocientista norte-americano, Daniel Levitin, diz que ser organizado significa ser capaz de focar no que é mais importante e fazer aquilo que for prioritário. “Se não nos organizamos e não definimos nossos objetivos, deixamos o mundo externo decidir nossas prioridades. Então, não somos capazes de escolher em que iremos prestar atenção”, escreve o autor.

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Foi, também, com o passar dos anos que a especialista em processos e projetos, Camila Diniz, percebeu todos os benefícios que poderia alcançar sendo uma pessoa organizada. “Acho que sempre tive uma noção de organização das minhas tarefas pessoais e profissionais. Mas, era uma coisa de época. Tinha momentos em que batia o ‘bichinho da organização’ e ficava tudo lindo. Já em outros, eu ficava perdida com tudo o que tinha para fazer”, conta.

De um tempo para cá, a curitibana passou a aprimorar as técnicas e a entender o que funciona, ou não, para ela. Criou até uma página no Instagram para compartilhar dicas e ajudar outras pessoas a evitarem, ao máximo, a procrastinação: a Considere Feito.

“Hoje enxergo muitas vantagens nessa mentalidade mais organizada. Tenho mais clareza das tarefas que preciso cumprir, consigo ser mais objetiva e não ficar perdendo tempo com distrações. Tenho um dia mais produtivo e, principalmente, sei que se não fiz algo hoje, posso encaixar em outro dia sem prejudicar o que já tenho planejado”, aponta Camila.

Vida que flui

Além de tudo isso, a especialista em projetos afirma que disciplina e constância são essenciais para manter uma vida em ordem e ter uma mente que, automaticamente, organiza as coisas. “Acho que o maior incentivo é ver que mantendo uma organização a vida fica mais leve e fluida. Você vê as coisas acontecendo, evoluindo, realmente saindo do mundo das ideias. E isso traz uma sensação maravilhosa”, garante Camila.

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