Decidido a fazer algo diferente no momento em que suas pacientes recebessem alta após o parto, o médico obstetra Calixto Felipe Hueb passou a entregar uma muda de árvore para cada uma elas. “Assim, a planta cresceria junto com o bebê e esses pequenos também aprenderiam a cuidar do meio ambiente logo cedo”, explica o médico de 72 anos, que já distribuiu mais de 6 mil pés de manga, jaca, goiaba, chia, amendoim e outras espécies.
Morador de Macatuba, no interior de São Paulo, ele conta que a primeira entrega foi feita em 2001, quando lembrou de um presente especial recebido na infância. “A professora do primário me deu uma mangueira que eu plantei, cuidei e até hoje existe e dá mangas para minha família”. Por isso, pensou em repetir a iniciativa para cada criança que nascesse sob seus cuidados e testou o projeto com uma paciente da cidade. “Não lembro bem quem era ela, mas sei que a mulher chorou quando expliquei que o bebê e a árvore cresceriam juntas. Foi um momento lindo”.
“Não lembro bem quem era ela, mas sei que a mulher chorou quando expliquei que o bebê e a árvore cresceriam juntas. Foi um momento lindo”
Nos primeiros meses do Projeto Plantar – como chamou a ação –, o ginecologista comprava mudas, as embalava e entregava às novas mamães. Depois, começou a produzi-las no quintal de casa com a ajuda da esposa Marli Hueb, e não parou mais. “Ela estava maravilhada com a iniciativa e me ajudou muito no cultivo”.
Só que o médico não imaginava a repercussão que aquela atitude teria. Assim que recebiam a lembrança, as gestantes do Hospital Santa Casa de Macatuba contavam a novidade para familiares, amigos, e faziam questão de plantá-la em terrenos e espaços públicos. “Aí as praças foram ficando cheias de árvores e o município, bem arborizado”, afirma o obstetra, ao lembrar que suas pacientes começaram a pedir o mimo especial antes mesmo que ele comentasse a respeito. “Elas me cobravam a muda, porque a amiga tinha recebido e ela queria uma também”.
Em pouco tempo, Hueb ainda começou a receber fotos de crianças ao lado das árvores que haviam recebido ao nascer. “Os bebês iam crescendo junto com as mudas e alguns têm árvores imensas que dão frutos e sombra atualmente”, como é o caso da jovem Isabela Lopes. Filha da dona de casa Lucineia Cristina Teodoro Lopes, a moça de 18 anos recebeu um pequeno pé de amendoim bravo em dezembro de 2001, e sua família o colocou na casa dos avós. “Aí eu conversava com ela, regava e pensava que ela tinha nascido no mesmo dia que eu. Coisa de criança”, lembra agarota, que tem imenso carinho pela planta até hoje. "Sempre achei o máximo ter uma árvore só minha".
E essa reação é comum em toda cidade, pois, segundo o médico, ele distribui pelo menos 30 mudas por mês desde 2001, ou seja, mais de 6 mil crianças já receberam o presente. “E nesse total estão também meus sete netos”, comemora o avô, que só não plantou árvores no nascimento dos três filhos porque eles vieram ao mundo antes de o projeto iniciar. “Demorei para ter a ideia”, brinca.
Mas, de acordo com ele, os 19 anos da iniciativa já trouxeram muitos resultados e mostram que um “trabalho de formiguinha” pode ter muito potencial. “A ação está crescendo tanto que hoje é a prefeitura que nos dá as mudas aqui em Macatuba e já têm umas 20 cidades fazendo o mesmo”, afirma. No entanto, ele espera que o projeto chegue ainda mais longe e promete trabalhar para isso. “Quero deixar um legado, então, além de fazer muitos partos ainda, vou continuar distribuindo mudas a muitos bebês”. Afinal, “quando uma criança nasce é como se o mundo também se renovasse”, finaliza.
E essa reação é comum em toda cidade, pois, segundo o médico, ele distribui pelo menos 30 mudas por mês desde 2001, ou seja, mais de 6 mil crianças já receberam o presente. “E nesse total estão também meus sete netos”, comemora o avô, que só não plantou árvores no nascimento dos três filhos porque eles vieram ao mundo antes de o projeto iniciar. “Demorei para ter a ideia”, brinca.
Mas, de acordo com ele, os 19 anos da iniciativa já trouxeram muitos resultados e mostram que um “trabalho de formiguinha” pode ter muito potencial. “A ação está crescendo tanto que hoje é a prefeitura que nos dá as mudas aqui em Macatuba e já têm umas 20 cidades fazendo o mesmo”, afirma. No entanto, ele espera que o projeto chegue ainda mais longe e promete trabalhar para isso. “Quero deixar um legado, então, além de fazer muitos partos ainda, vou continuar distribuindo mudas a muitos bebês”. Afinal, “quando uma criança nasce é como se o mundo também se renovasse”, finaliza.