Uma organização humanitária distribuiu uma fotografia de um bebê afogado, filho de imigrantes, nos braços de um salva-vidas alemão, com o objetivo de persuadir as autoridades europeias a garantir a segurança dos migrantes. Teme-se que centenas tenham se afogado no Mediterrâneo na última semana.
De acordo com informações da agência Reuters, o bebê, que parece não ter mais que um ano de idade, foi tirado do mar depois que uma embarcação de madeira naufragou, no dia 27 de maio. Quarenta e cinco corpos chegaram ao porto de Reggio Calabria, no sul da Itália, dois dias depois, em um navio da marinha italiana, que trouxe também os 135 sobreviventes do mesmo acidente.
A organização humanitária alemã Sea-Watch, que opera uma embarcação de resgate no mar entre a Líbia e a Itália, distribuiu a imagem tirada por uma companhia midiática a bordo e que mostra um salva-vidas com a criança no colo, como se ela dormisse.
Em um e-mail, o salva-vidas, que se identificou como Martin, mas não quis que seu sobrenome fosse publicado, disse que avistou o corpo do bebê no mar “como uma boneca, com os braços estendidos”.
“Segurei o seu braço e puxei o luminoso corpo para os meus braços de uma vez só, como se ele ainda vivesse. Manteve as mãos com os dedinhos para cima, o sol brilhando sobre os seus olhos amigáveis, mas sem movimento”, escreveu Martin.
Martin tem três filhos e é musicoterapeuta. “Comecei a cantar para me confortar e dar algum tipo de expressão a esse momento incompreensível e desolador. Somente seis horas antes essa criança estava viva”, escreveu ele.
Assim como a foto de Aylan, o menino sírio de três anos fotografado morto em uma praia turca no ano passado, a imagem de Martin com o bebê dá um rosto humano às mais de 8 mil pessoas que morreram no Mediterrâneo desde o começo de 2014.
Pouco se sabe sobre o bebê, que segundo a organização foi imediatamente passado para a marinha italiana. Não foi confirmado se se trata de um menino ou de uma menina nem se os seus pais estão entre os sobreviventes.
A Sea-Watch, informa a Reuters, encontrou ainda outros 25 corpos, incluindo outra criança. Segundo a organização, a publicação da foto foi decidida por unanimidade. “Na sequência dos acontecimentos desastrosos, se tornou óbvio que a reivindicação de políticos da União Europeia para evitar mais mortes no mar é da boca para fora”, disse a organização em um comunicado anexo à foto.
Com informações de Reuters.
Colaborou: Felipe Koller.