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Carla Dias, especial para o Sempre Família
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Um estudo feito com casais na Holanda demonstra a diferença no equilíbrio emocional entre homens e mulheres. Os resultados apontaram que após um dia estressante de trabalho, os maridos deram menos apoio às esposas e a qualidade de tempo em família foi afetada. Mesmo em dias gratificantes, não houve melhora do suporte dado pelos maridos à família. Por outro lado, as mulheres mantiveram o padrão de apoio emocional proporcionado aos maridos mesmo em dias difíceis no emprego. E após um dia profissional recompensador, elas deram ainda mais atenção ao cônjuge e a qualidade do tempo familiar melhorou.

A pesquisa ainda demonstrou que a situação se repete na vida profissional: em momentos ruins, os homens ajudaram menos seus colegas e não houve intenção de ajudar mais mesmo em períodos bons. Já as mulheres não diminuíram o suporte emocional dado à equipe em dias estressantes e o apoio foi ainda maior em fases tranquilas, melhorando a dinâmica no trabalho. A conclusão é que a figura masculina tende a reduzir o apoio emocional quando as exigências em outro papel se tornam muito pesadas por não se sentirem obrigados a manter os relacionamentos. No entanto, o suporte dado pelas mulheres não é afetado por suas demandas, além delas serem capazes de transferir o apoio de um papel para outro devido sua responsabilidade nas relações pessoais.

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A psicóloga Camila Curioni acredita que a realidade é semelhante no Brasil. A desigualdade no cuidado com a casa e os filhos e as exigências da carreira ainda pesam mais para o lado feminino. O ideal seria que ambos os cônjuges se esforçassem para apoiar um ao outro independentemente da situação. “Suporte é uma via de mão dupla. Se o esforço é feito apenas de um lado, não funciona e o ‘parafuso espana’. A chance de o relacionamento ruir, tanto profissionalmente quanto em casa, é grande”, ressalta a especialista em psicoterapia para casais.

Crenças, valores e expectativas influenciam

Para a psicóloga do Instituto do Casal, Marina Simas, o apoio depende do meio em que a pessoa está inserida, da sua criação, seus objetivos e pontos de vista. Mesmo que ela não receba, é capaz de oferecer ajuda ao outro. Marina observa que as crenças, valores e expectativas em relação à sociedade influenciam na formação pessoal e cada indivíduo assume o papel ao qual ele mais acredita e foi treinado. “As mulheres costumam ter uma carga de responsabilidade maior em todos os meios e levam isso para o ambiente de trabalho, já que procuram ser aceitas e exigem de si mesmas muito resultado e competência”, destaca.

Ao assumir o apoio emocional da família, as mulheres refletem o aprendizado que normalmente recebem na infância. Camila explica que elas são educadas a “acolher e cuidar e que devem estar disponíveis para os sentimentos dos outros, começando pelas coleguinhas da escola, brincadeiras de casinha e boneca”. Além disso, fatores culturais fazem com que as mulheres aceitem com mais facilidade a “jornada dupla” e sejam emocionalmente mais disponíveis que os homens, independentemente das exigências que a carreira e o trabalho demandam.

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As duas especialistas concordam que mudar essa realidade é um papel de todos. Atualmente, os homens estão mais participativos, mas ainda não há igualdade. “Ainda falta muito para que se chegue a um modelo considerado satisfatório. As mulheres precisam delegar, dar espaço e valorizar a forma como eles irão realizar, que será com a cara e crivo deles”, declara Marina. Elas também precisam mostrar que têm direito de descansar e que as responsabilidades devem ser divididas. “A cultura lentamente está mudando e já é possível ver homens mais engajados com os afazeres de casa e com os filhos. Com o tempo e a luta feminina, acredito que é possível melhorar. Já pensou, 50% das responsabilidades para homens e mulheres? Isso é possível! Não podemos desistir”, acrescenta Camila.

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