Foi uma pergunta despretensiosa, mas que gerou a maior repercussão na vizinhança. O bairro Sapiranga, em Fortaleza, no Ceará, é uma comunidade que passa por dificuldades e, com a pandemia, muitas famílias se viram sem renda e, consequentemente, sem ter o que comer. Mariana Madeira Lima, moradora do bairro, também foi afetada porque trabalhava com festas infantis. Preocupada, pediu ajuda do filho de 9 anos. Perguntou o que poderiam fazer para ajudar quem estava em condições piores que a deles.
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O menino, Pedro Victor Lima de Aquino, não pensou duas vezes. Ele pegou o cofrinho onde guardava as moedinhas para um dia comprar um videogame e contou o dinheiro: R$ 50. Não dava pra muita coisa, mas o garoto resolveu multiplicar a solidariedade. “Decidi fazer uma rifa”, conta ele. Para participar e concorrer ao dinheiro, bastava doar um quilo de alimento. Em pouco tempo, as doações começaram a chegar.
“Foi muito rápido. Eu achava que ia ser só um pouquinho, mas viralizou”, diz o menino ao explicar que a tia divulgou a rifa nas redes sociais. Pelo menos 30 cestas básicas foram montadas e doadas a famílias que precisavam muito dessa ajuda. “As pessoas agradeciam dizendo que não sabiam o que iam comer, que já iam pedir um pouco de arroz no vizinho”, ressalta Mariana, que se alegrou com a quantidade de alimentos arrecadados. “Mesmo quando os pontos da rifa já tinham acabado, as pessoas continuaram ajudando”, diz.
A ação já terminou, mas muita gente ainda bate na porta da casa da família em busca de alimentos. Pedro ganhou R$ 50 da avó, que quis retribuir um pouco do altruísmo do neto. E ele já decidiu que mais uma rifa vem aí. Sobre a atitude do filho, Mariana revela orgulhosa: “Foi uma alegria muito grande porque ele queria muito comprar o videogame. Até perguntei, mas ele disse que não importava porque o brinquedo a gente poderia comprar outra hora e as pessoas não podiam ficar com fome”.
Covid-19
A família sabe exatamente o que é enfrentar o coronavírus. Há quase um ano o avô de Pedro faleceu depois de contrair Covid-19. “A dor das pessoas passa a ser a nossa. A gente sentiu na pele a perda”, afirma Mariana. Segundo ela o pai sempre ensinou a importância do respeito e da dignidade e assim como aprendeu, quer repassar essa lição aos filhos. Pelo jeito deu certo.