Omar Atiq é um paquistanês que fez sua vida como médico oncologista no estado norte-americano do Arkansas. Em 2020, depois de quase 30 anos de trabalho atendendo pessoas das mais diversas partes do país com câncer, ele resolveu que era hora de parar. Decidiu fechar o centro de tratamento que construiu e contratou uma empresa para cobrar as dívidas médicas de ex-pacientes que estavam inadimplentes.
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Ao descobrir que algumas famílias haviam sido duramente afetadas pela pandemia do novo coronavírus, no entanto, ele teve uma atitude que ninguém esperava: perdoou as dívidas de 200 pessoas que, somadas, chegam a quase US$ 650 mil. “Com o tempo percebi que as pessoas simplesmente não conseguem pagar. Então, minha esposa e eu, como uma família, pensamos sobre isso e decidimos perdoar todas as dívidas”, disse ele ao programa Good Morning America, da rede de televisão ABC.
A notícia foi dada às famílias com um bilhete entregue na semana do Natal. A mensagem dizia: “Espero que esta mensagem encontre você bem. O Instituto do Câncer de Arkansas teve o orgulho de atendê-lo como paciente. Embora vários seguros de saúde paguem a maior parte das contas, para a maioria dos pacientes, mesmo as franquias e co-pagamentos podem ser onerosos. Infelizmente, é assim que nosso sistema de saúde funciona atualmente. A Instituo está encerrando suas atividades após 29 anos de serviço dedicado à comunidade e decidiu renunciar a todos os saldos devidos à clínica por seus pacientes. Boas festas”.
“Achamos que não havia melhor momento para fazer isso do que durante uma pandemia que dizimou vidas de pessoas, lares e negócios”, afirma Atiq citado pelo Arkansas Democrat-Gazette. Agora, ele atua como professor da Universidade de Arkansas para Ciências Médicas (UAMS) em Little Rock.
Reconhecimento
O próprio presidente da empresa de cobranças contratada pelo médico reconheceu a nobre iniciativa. “É uma coisa maravilhosa o que ele e sua família fizeram para perdoar essas dívidas, porque as pessoas com contas de oncologia têm mais desafios do que a maioria da população”, comentou Bea Cheesman, da RMC of America, à BBC News.
Já David Wroten, vice-presidente executivo do grupo de defesa da Sociedade Médica de Arkansas, conta que Atiq o procurou “para se certificar de que não havia nada de impróprio” na ideia de perdoar a dívida dos pacientes. “Se você conhecesse doutor Atiq, entenderia melhor”, declarou Wroten também à BBC. “Em primeiro lugar, ele é um dos médicos mais inteligentes que já conheci, mas também é um dos médicos mais compassivos que já conheci”, finalizou.