Em todo o mundo, cerca de 70 milhões de pessoas têm autismo. E de acordo com dados de 2017, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma em cada 160 crianças têm o transtorno do espectro-autista (TEA). O indivíduo com autismo costuma ser resistente a mudanças, hipersensível e singular em suas atitudes, mas igualmente generoso e aplicado em tudo o que faz. E são estas duas características que se sobressaem nos irmãos Klemerson, Victor Hugo e João Victor. Os três são funcionários do McDonalds, em Curitiba, e autistas.
Quem primeiro chegou à rede de restaurantes fast-food foi o Klemerson, de 27 anos. Ele trabalha desde os 18 anos e seu primeiro emprego foi em uma rede de supermercados na capital paranaense, que acabou fechando as portas em 2018. Foram cinco meses tentando uma nova colocação, até que apareceu uma vaga de atendente em uma unidade do McDonalds. “Consegui essa posição e logo pedi aos meus gestores uma oportunidade para meus irmãos também”, comenta ele, que é o mais desinibido dos três. Klemerson gosta de uma boa conversa e no salão sempre interage com os clientes, esbanjando simpatia.
Menino com autismo faz de sua obsessão por mapas uma terapia e uma fonte de renda
Não demorou muito e ele conseguiu que Victor Hugo e João Victor o acompanhassem. Eles têm 21 anos e são gêmeos. Os rapazes começaram a trabalhar em uma das novas unidades da rede na cidade e comemoram a conquista. “Gostamos muito do nosso trabalho, e com o primeiro emprego o pai comprou uma bicicleta para cada um. Assim passeamos juntos no fim de semana”, explica Victor Hugo.
Das atividades rotineiras, os gêmeos gostam mesmo é de cuidar da chapa e das bebidas. Já Klemerson, que é mais desenvolto e tem mais tempo de casa, quer desbravar novos horizontes no restaurante. “Gostaria muito de aprender a fazer os sanduíches. A batata e a bebida eu já sei”, comenta animado.
Pai orgulhoso
Nilton Vieira Rocha, pai dos rapazes, sempre foi bastante cuidadoso com a educação dos filhos. Quando ele e a esposa, Sonia Maria, se separaram, as crianças ficaram com o pai. “Criei eles como fui criado: de casa para a escola e da escola para a casa. Sempre ensinei a terem responsabilidade independentemente dos problemas de saúde”, lembra. Por isso, ao ver seus filhos trabalhando e realizando sonhos, ele tem um único sentimento: orgulho.
Hoje os gêmeos estudam à noite e durante o dia trabalham. Com o salário, já compraram bicicletas e roupas também. “Essa é uma forma de incentivar eles a trabalharem”, comenta Nilton. Já o Klemerson comprou um celular novo. “É que eu gosto muito de ouvir música e fazer pesquisas na internet”, diz o rapaz que hoje mora com a mãe.
Morar em casas diferentes, inclusive, não foi um empecilho para que eles estivessem juntos, segundo Nilton. “O Klemerson é um grande orgulho e quando conseguiu o trabalho no McDonalds logo indicou os irmãos”, diz. “Eles cuidam um do outro, se respeitam e isso me deixa muito orgulhoso”, finaliza o pai.
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