Tinha tudo para ser mais uma história triste, como a de centenas de crianças que convivem com familiares usuários de drogas. Joana Machado, porém, com o apoio dos pais, que conseguiram se livrar do vício, hoje ajuda a mudar a realidade e, quem sabe, o futuro de outras tantas que vivem essa dura realidade.
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Foi ajudando a mãe em trabalhos voluntários na cracolândia de São Paulo que surgiu a ideia de fundar o Instituto Sonhe, uma instituição que tem como missão oferecer oportunidades para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. A ideia é proporcionar um ambiente seguro, com oportunidade para transformação social.
“Eu queria um trabalho que pudesse ser a semana toda porque a criança tem o contato com a droga, o tráfico e a prostituição 24 horas. Eu queria criar algo que pudesse tirá-las daquela realidade e criar sonhos”, explica Joana, presidente do Instituo Sonhe. Foi assim que em 2009 surgiram os primeiros atendimentos, a 150 metros da cracolândia.
Oportunidade e profissionalização
Joana começou a praticar aula de balé para poder ensinar as crianças. Em 6 meses o pequeno grupo cresceu para 400, a sede ficou pequena, foi preciso alugar um prédio todinho, e hoje são 17 atividades oferecidas, no contraturno escolar, e mais de mil crianças atendidas. “Nosso forte é balé e jiu jistu, reforço escolar, aulas de leitura, artes, skate, futebol, recreação, musicalização, aulas de inglês e informática”, conta.
A dedicação à dança transformou a pessoa com vontade de ajudar em professora e responsável pela formação de bailarinos. Em 2021 cinco alunos se formaram em balé. Segundo ela um deles ganhou uma bolsa para os Estados Unidos e outras ingressaram, com bolsa de estudos em faculdades em São Paulo. “A ideia é que o Instituto traga essa profissionalização, essa formação, essa oportunidade de mudança”, diz ela.
Um passo rumo ao Sertão
Recentemente o Instituto ganhou, também, o sertão de Pernambuco, com uma sede em Itaíba. Em situações diferentes, mas também com vários casos de risco para as crianças, Joana percebeu a necessidade de levar o projeto para a região nordeste. “Em São Paulo é tráfico, prostituição, drogas. Aqui é incesto, falta de saúde adequada, higiene adequada, oportunidade, conhecimento. São as mesmas atividades, mas com viés mais para educação e cultura”, destaca.
Nas unidades do Instituto são mais de 250 voluntários envolvidos nas oficinas, aulas e atividades em geral. A maior parte da renda vem de doações e alguns poucos convênios com o poder público. É o amor pelo próximo que mobiliza, transforma e muda realidades. “É transformação. De mente, de vida, dar oportunidade, gerar amor. Foi a minha realidade. Meus pais eram usuários de droga, mas eles passaram a ajudar outras pessoas. Eu poderia ser mais uma na estatística de prostituição, drogas e tráfico. Então sei a importância de dar oportunidade, gerar amor, levar esperança”, finaliza.