Uma viagem entre amigos e a ideia de levar atendimento médico a populações sem acesso a especialistas foi o que deu origem à organização social sem fins lucrativos Saúde Alegria Sustentabilidade Brasil (SAS Brasil). Com um projeto itinerante e a possibilidade realizar atendimentos remotos, mais de 70 mil pessoas já foram beneficiadas.
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Em dois carros, duas motos e uma tenda de campanha, o grupo rodou 3 mil km pelo interior dos estados de Goiás e Tocantins e atendeu cerca 1,5 mil pessoas em 2013. “O projeto foi se estruturando, cresceu um pouco mais, conseguimos um caminhão e depois um contêiner. De 2016 para cá grandes parceiros entraram também”, conta a médica Adriana Mallet, CEO da SAS Brasil.
Pandemia e atendimento remoto
As ações de acesso à saúde especializada acompanharam edições do Rally dos Sertões e aconteceram, também, em expedições autônomas, passando por Minas Gerais, Bahia, interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Ceará e Pernambuco. Com a pandemia de Covid-19, e a regulamentação da telemedicina, o SAS se reinventou. “A gente não pôde viajar, mas a gente pôde levar saúde”, destaca Adriana.
“A gente começou a fazer exames para triar mulheres com alterações no cólo de útero, alterações da pele”, lembra a médica. Com uma grande rede de voluntários e novos parceiros para dar suporte ao trabalho foi possível chegar a regiões ainda mais distantes.
Parcerias para ir além
A Fundação Philips foi uma das parceiras que ajudaram nessa etapa, fornecendo equipamentos como monitores vitais e aparelhos de ultrassom, além de licença para uso de software, para atendimento de gestantes. “A tecnologia é um apoio fundamental. A gente precisa de profissionais de saúde dedicados e com propósito de ajudar, mas a gente dá a ferramenta para que façam isso”, afirma Patrícia Frossard, Country Manager da Philips no Brasil.
Foi assim que Valdilene Coutinho da Silva, moradora de Santo Amaro do Maranhão (MA), uma das cidades com menor IDH do estado, descobriu o sexo do bebê que está esperando. Perto do sétimo mês de gestação ela ainda não sabia que estava grávida de uma menina. “Marcaram a consulta para o mesmo dia e fui. Eu estava ansiosa. Queria comprar as roupinhas”, afirma a dona de casa.
“Foi muito bom para saber que o filho da gente tá bem. O coração dela estava palpitando a mil. Ela é cabeludinha”, completa Valdilene, emocionada. O atendimento foi feito em um contêiner, onde funciona uma Unidade de Telemedicina Avançada. São consultórios médicos e odontológicos que oferecem suporte nos atendimentos remotos e também quando há expedições para a cidade.
A maranhense foi atendida em um mutirão, ocorrido em dezembro de 2021, que contou com a atuação de 80 voluntários. Foram inúmeros os casos como o dela e muitos outros, em que foi possível efetuar o diagnóstico precoce de várias doenças. “A gente começou atendendo 4 cidades e hoje já chegamos a 320”, orgulha-se Adriana. “Eu acredito que o caminho se faz andando. A gente tem 75 milhões de pessoas que não têm acesso ao profissional especialista. É a busca e a construção de um legado”, conclui.