Dorina ficou cega aos 17 anos e tentou por oito anos recuperar a visão, até perceber que o propósito de sua vida era outro.| Foto: Divulgação/Fundação Dorina Nowill para Cegos
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Os dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, mostram que 18,6% da população brasileira tem algum tipo de deficiência visual. São cerca de 6 milhões de pessoas com grande dificuldade para enxergar e mais de 500 mil cegos. Foi pensando justamente nessa parcela de brasileiros que teve início o trabalho de Dorina Nowill.

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Nascida em São Paulo, em 1919, Dorina ficou cega aos 17 anos, vítima de uma doença não diagnosticada. Na época não existiam muitos tratamentos, mas por oito anos ainda tentou recuperar a visão até que percebeu que o propósito da vida dela era outro. Ao perceber a falta de acesso que as pessoas cegas e com baixa visão tinham ao mercado de trabalho, ao lazer e mesmo à educação, ela passou a buscar a inclusão.

Na época existiam poucos livros em braille no país e, em 1946, ela criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Eram os primeiros passos da instituição que hoje leva o nome dela e que, além de ter capacidade para imprimir quase 400 mil páginas por dia, oferece apoio e suporte para pessoas cegas e com baixa visão, e para as famílias delas, nas mais diversas áreas.

“Se a pessoa nasceu com cegueira ou perdeu a visão ao longo da vida, temos todo o processo de reabilitação ou habilitação” afirma Alexandre Munck, superintendente executivo da Fundação Dorina Nowill para Cegos, como é chamada hoje. Serviço social com psicólogos, orientação de pessoas que precisam utilizar bengala, fisioterapia, cursos de captação e consultorias são disponibilizados gratuitamente.

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A Fundação Dorina Nowill para Cegos já produziu mais de 6 mil livros e imprimiu 2 milhões de volumes em braille. Foto: Divulgação/Fundação Dorina Nowill para Cegos.

A expectativa em 2022 é beneficiar 1,5 mil pessoas, de todas as idades, com cerca de 30 mil atendimentos dos mais variados tipos. “Todo o processo de reabilitação não tem um prazo específico porque cada pessoa tem um tempo diferente”, destaca o superintendente. Para conseguir fazer um bom trabalho são cerca de 300 voluntários.

Complementarmente a Fundação oferece cursos profissionalizantes. Alexandre explica que um dos maiores desafios e a principal luta de Dorina, que faleceu em 2010, aos 91 anos, era justamente a inclusão real e autonomia da pessoa com deficiência. “É difícil incluir essas pessoas no mercado de trabalho porque existe um pré-conceito de que há dificuldade em fazer isso. Não precisa piso tátil em toda a empresa, nem computador específico”, revela.

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A ideia é se aproximar das empresas para que não somente cumpram a cota exigida por lei para contratar pessoas com deficiência. “Se a empresa precisa de um engenheiro, não indicamos alguém só para preencher a vaga. Verificamos no nosso banco de dados alguém com todas as qualificações que a empresa necessita”, insiste Alexandre. “Nós somos iguais. O trabalho é para a inclusão na sociedade”, completa.

Esse espírito, segundo Alexandre, é todo fundamentado no jeito que Dorina levou a vida. Sempre maquiada, bem arrumada, ela queria mostrar ao mundo que é possível levar uma vida normal e que ser cego ou ter deficiência visual não é impedimento. “O avanço é enorme, mas ainda temos muito a fazer”, conclui Alexandre.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]