O projeto pertence ao Centro Adventista de Apoio a Família (Caaf), que atende pacientes oncológicos no município de Barretos, em São Paulo.| Foto: Divulgação/CAAF
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Além das sessões de quimioterapia, radioterapia e dos sintomas relacionados à doença, muitos que enfrentam o câncer também precisam mudar de cidade em busca de tratamento, lidar com dificuldades financeiras e cuidar da saúde emocional. “Afinal, a gente fica sem chão e apresenta uma mistura de medo, raiva, revolta e angústia”, relata a mato-grossense Melanie Mendes Heintze, diagnosticada com câncer no colo retal aos 30 anos de idade. “E foi nesse momento tão difícil da minha vida que conheci o Centro Adventista de Apoio à Família, o CAAF”.

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Localizado na cidade de Barretos, em São Paulo, esse espaço oferece cerca de 40 cursos, oficinas, atividades recreativas e ações de assistência social para familiares de pacientes como Melanie, que chegam à cidade em busca de tratamento gratuito no Hospital de Amor (HA). “Esse hospital recebe gente de todo o Brasil e da América Latina, e nosso objetivo é atender as necessidades dessas pessoas”, explica a responsável pelo CAAF, Rosângela Teodora dos Santos.

No entanto, ainda que o centro de apoio proporcione alegria para cerca de 350 pessoas mensalmente, ofereça atendimento social, psicológico e distribua roupas e alimentos, os voluntários percebem que falta algo essencial: abrigo. “Vemos que muitas pessoas em tratamento oncológico não têm lugar para ficar durante os meses ou até anos que passam longe de casa”, afirma Rosângela, que é assistente social do projeto e recebe semanalmente diversos pedidos de quem precisa de um quarto. “Mas, em breve, poderemos atendê-los”.

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De acordo com ela, desde 2012 os voluntários buscam doações para construir um complexo com 51 apartamentos no local. O objetivo é oferecer hospedagem e alimentação gratuitamente aos pacientes e familiares que precisam, além de aperfeiçoar a infraestrutura do centro de apoio para as atividades que já são oferecidas. “Cada quarto terá seu banheiro privativo e o espaço todo oferecerá estrutura de cozinha, refeitório, lavanderia, biblioteca, brinquedoteca, sala de informática e auditório”, adianta a assistente social, ao informar que a construção de 3.200 m² já está em andamento, mas faltam R$ 4,8 milhões para que seja finalizada. “Precisamos concluir o terceiro piso, o telhado, acabamento, e a parte elétrica e hidráulica”.

A construção de 3.200 m² já está em andamento, mas faltam R$ 4,8 milhões para que seja finalizada. Foto: Divulgação/Caaf
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Para isso, os voluntários têm realizado campanhas em seu site para estimular doadores, incentivando a destinação do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para o projeto e vendido pães. “Precisamos aliviar o fardo de quem vem em busca de cura para essa doença tão terrível”, pontua a paciente Melanie Mendes, que torce pela conclusão da obra enquanto luta contra o câncer desde junho de 2018 e segue em tratamento devido a uma metástase no pulmão. “Hoje faço tomografia mensalmente para acompanhamento da doença, e um dos meus sonhos é ver essa construção finalizada, gerando esperança”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

As atividades continuam

Mas enquanto os voluntários aguardam recursos para isso, eles mantêm ações sociais para atender as famílias dos pacientes, e ainda oferecem atividades como pilates, aulas de crochê, bordado em chinelo, violão, informática, inglês e culinária saudável. “Lembrando que, devido à pandemia, o atendimento é individualizado e algumas oficinas acontecem de forma online”, pontua a assistente social Rosângela.

Além disso, o Centro Adventista de Apoio à Família (CAAF) desenvolve projetos voltados para crianças e adolescentes como o estudante Daniel Sales de Almeida, que iniciou o atendimento no local aos 14 anos. “Fui diagnosticado com leucemia, então meus pais começaram a frequentar o CAAF durante meu tratamento até que eu tivesse a oportunidade de ir lá também”, conta o amapaense, que recebeu ajuda no período de crise vivenciado por sua família e frequentou o curso de violão.

Daniel Sales de Almeida recebeu ajuda do Caaf durante o tratamento da leucemia e frequentou o curso de violão. Fotos: Arquivo Pessoal

“Eu achava que nunca ia tocar nada por causa do tremor nas mãos devido ao tratamento, mas fui motivado pelo meu professor”, relata o rapaz. “Hoje toco violão e isso se tornou uma das minhas paixões”, garante o rapaz de 21 anos, que está bem de saúde, agradece ao CAAF pela oportunidade recebida e torce para que a instituição possa ajudar muitas famílias como a dele.

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Parceria com o Hospital de Amor

De acordo com a supervisora dos alojamentos do Hospital de Amor (HA), Ana Elisa Crispim, esse trabalho e cuidado que a equipe do CAAF demonstra pelos pacientes oncológicos é essencial para que cada um deles enfrente o momento que vive de forma mais leve. “Assim eles criam novos vínculos e afetos, têm possibilidade de socialização, capacitação, profissionalização e ainda o apoio religioso, que é um cuidado a mais”, garante a paulista, ao afirmar que a conclusão dos apartamentos fortalecerá esse trabalho.

“Isso porque o público atendido pelo Hospital de Amor é diverso, e muitas vezes as pessoas estão longe da família, dos vínculos, e ainda enfrentam vulnerabilidade econômica e social”, explica.  Então, “para uma família que está em uma cidade distante e em situação vulnerável, ser acolhida por uma instituição cuidadosa e de referência é realmente um amparo”, finaliza a representante do HA.