A adolescência é uma fase intensa, cheia de conflitos e que vai consolidar os aprendizados da infância e o caráter na vida adulta. Os princípios e valores ensinados pelos pais servem de guia para enfrentar as situações que surgirão nesse caminho. A honestidade, por exemplo, é uma virtude que faz parte do conjunto de valores morais e sua importância deve ser reforçada pela família.
A psicóloga Juliana Garcia Piovezan explica que ser honesto está relacionado ao comportamento de dizer a verdade, se abster de mentiras, se preocupar com a justiça e expressar respeito por si mesmo e pelos outros para estabelecer relacionamentos de confiança. “No geral, é um conceito ligado às relações sociais e à reflexão moral sobre o que fazer antes da ação propriamente dita. Isto envolve a noção do que é permitido ou não dentro da cultura e das leis onde se está inserido, configurando assim um valor de grande impacto na interação psicossocial”, destaca.
Durante a adolescência, a impulsividade ganha força em busca de novidades e prazer imediato. As conquistas individuais são valorizadas independentemente da forma como foram alcançadas. E é neste cenário que surgem conflitos que ameaçam a honestidade, como usar identidade falsa, mentir para os pais, copiar trabalhos da internet, comprar seguidores nas redes sociais ou usar estratégias desonestas para alcançar níveis mais elevados em um jogo.
O papel dos pais é estabelecer um sistema de regras e limites para ensinar e nortear o comportamento do filho no contexto familiar. Desta forma, ele irá reproduzir o aprendizado em outros ambientes sociais e se tornar um cidadão confiável. “A principal e mais genuína maneira de ensinar um filho sobre honestidade é justamente sendo honesto. Mais forte do que qualquer discurso ou a intenção de fazer o certo é o exemplo”, salienta.
Juliana, que é especialista em Terapia Racional Emotivo Comportamental (TREC) e Terapia Cognitiva Comportamental na infância e adolescência, comenta que muitas vezes condutas incorretas, como a corrupção, são tão expostas que podem acabar sendo vistas como aceitáveis por algumas pessoas. Por isso é fundamental investir na educação moral, para que estes valores sejam intrínsecos e norteiem as ações e escolhas durante toda a vida.
Honestidade deve ser ensinada desde a infância
Para que seja construída uma confiança mútua na relação entre pais e filhos, a honestidade deve ser ensinada ainda na infância. O diálogo é essencial para abordar esse assunto em família, mas sem que haja demonstração de desconfiança ou exigências desproporcionais.
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Para isso, é necessário falar da mentira, a grande vilã da honestidade, mostrando suas consequências imediatas e a longo prazo, valorizar a reparação do erro e refletir sobre os sentimentos de vergonha e culpa. “É importante também valorizar a verdade em todos os níveis: aquela que é falada, sentida e expressa de diferentes maneiras”, explica. “Por isso, a aproximação da rotina, das preferências e das emoções do seu filho é essencial para que este diálogo aconteça de maneira natural e não somente diante de situações específicas que caracterizem um ‘sermão’ ou ‘conversa séria’”, orienta.
A técnica em enfermagem Graziela Vieira Modesto e seu esposo, o gerente de logística Evaldo Modesto, garantem que a educação do seu filho Douglas Modesto, de 17 anos, é pautada na importância da honestidade. Para a família, o foco é ensinar que um comportamento honesto é ser correto e verdadeiro, não só para si mesmo, mas também com o próximo. “Nós sempre ensinamos o nosso filho a falar a verdade seja ela qual for e a confiar em nós. Sempre reforçamos para o nosso filho ser honesto com a família e as pessoas, pois é assim que se torna um homem de caráter. E nós já podemos ver o resultado nas atitudes dele”, acrescenta Graziela.
Honestidade nos estudos, no trabalho e nas relações sociais
Juliana dá dicas de como ensinar o adolescente a valorizar a honestidade em diferentes contextos:
Relações sociais: as amizades e os “dramas” vividos intensamente nesta fase devem ser valorizados. Os pais devem acolher as histórias, colocar-se no lugar do filho e incentivar a busca por aquilo que se acredita ser o melhor e o mais correto a se fazer.
Faculdade: é essencial que a escolha da área profissional seja bem orientada e definida com base em habilidades, valores pessoais e objetivos de vida para que a graduação seja “um real processo de formação de vida e de caráter”. O prazer dos pais com suas profissões serve como referência para que o adolescente encare a faculdade como uma escolha honesta rumo ao seu objetivo de vida e felicidade.
Vida profissional: o adolescente deve estar preparado para encarar um mercado de trabalho no qual suas virtudes e princípios podem ser colocados em xeque. Será necessário refletir de maneira profunda sobre suas intenções e objetivos para fazer escolhas verdadeiras e honestas consigo e com a sociedade, mesmo que isso signifique mais esforço e menos retorno financeiro.
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