Ser um cidadão capaz de impactar a sociedade em que se vive é tarefa que exige disciplina e a busca constante pela conquista de virtudes. Como nos conta Francisco Fauz em seu livro A Conquista das Virtudes, elas "não são tendências instintivas ou espontâneas, como os traços de temperamento, mas devem ser adquiridas com empenho e esforço constante". E sabemos que é na família onde essas virtudes podem ser assimiladas, mas é possível que instituições como as igrejas, por exemplo, auxiliem nesse caminho a ser percorrido principalmente na juventude.
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Em Curitiba, a Igreja ABA (Aliança Bíblica de Avivamento) tem dado suporte a rapazes de 15 a 20 anos, para que se desenvolvam como pessoas aptas a mudar o seu entorno. Para isso, membros da igreja criaram um programa de apoio às famílias de adolescentes. "Vemos uma extensão da infantilidade e tentamos ajudar nesse ponto: fazer a transição da adolescência para adulto e direcioná-los", explica Carlos Henrique de Moraes, coordenador do projeto.
O nome do curso é sugestivo: Trilha. De acordo com Carlos Henrique, a ideia foi mostrar a esses adolescentes que ingressam no programa composto por nove encontros, que uma trilha tem partes mais fáceis e outras íngremes. Mas, diferentemente de uma montanha em que escolhemos o percurso, a trilha da vida é obrigatória. "Na vida há momentos em que não podemos escolher, então que possamos passar por eles da melhor maneira possível", diz.
No Trilha, os rapazes têm contato com engenheiros, professores, pedagogos, psicólogos, administradores, profissionais que atuam na área financeira e na comunicação, pastores e teólogos. Os nove encontros totalizam dois meses e, na grade, temas relevantes para a construção do caráter foram escolhidos. "Falamos sobre a identidade de um homem, atitudes e relacionamento, e o que nos move nesse mundo. Ajudamos a identificar o perfil desse adolescente, debatemos sobre a riqueza inteligente (auxiliando na organização financeira), incentivamos eles a não serem homens virtuais, apresentando referências importantes, e tratamos da importância de eles não se isolarem da comunidade. São temas que parecem simples, mas que são muito pontuais", explica o coordenador.
Exemplo que arrasta
Elaine é mãe de um dos adolescentes que já passou pelo Trilha e conta que foi percebendo ao longo do programa a mudança no filho Eric. "Agora ele tem sonhos no papel. Fiquei feliz em ver que ele está fazendo planos para a vida e que coloca isso nas mãos de Deus", diz ela, ao completar que o adolescente se tornou mais paciente ao ouvir e mais centrado no falar. "Nada mais é da boca para fora. Ele fala do que ele realmente quer".
E o exemplo visto nos facilitadores do Trilha contribuiu sobremaneira nessa questão. Como sempre falamos aqui no Sempre Família, os filhos aprendem com o que veem em casa, mas o meio em que eles estão inseridos e o círculo de amizade que mantêm, também somam pontos importantes na construção desse indivíduo. "Colocar pai e mãe falando do futuro parece algo distante, mas o curso ajuda a dar essa noção", reforça Carlos Henrique. "Os professores são pessoas capacitadas. Vimos os que eram os mais influentes localmente, que serviam de exemplo. Cada um em sua área de atuação têm uma formação e prática grande", finaliza.
Ainda ofertado apenas para o público masculino e essencialmente da igreja, há planos de que o programa tenha uma versão também para mulheres e que seja aberto à comunidade local.