O diagnóstico de autismo do filho e, hoje, as incertezas sobre a transição dele para a adolescência mudaram a vida de Micheli Pires.| Foto: Arquivo pessoal/Micheli Pires
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“Não é fácil um diagnóstico desse, é uma bomba que cai”, afirma a empresária Micheli Pires, mãe do Davi, hoje com 11 anos. Quando ele tinha 3 foi diagnosticado com autismo. Até então Micheli era do ramo de moda, mas largou tudo para se dedicar ao tratamento do filho. “É muito pesado. Ele fazia 4 horas de terapia. É muito comum ter mães ou pais que param tudo. Isso passou a ser minha atividade principal”, lembra.

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Como o tratamento envolve, especialmente, questões ligadas ao comportamento, Micheli percebeu que não adiantava apenas levar o Davi a clínicas ou consultórios médicos. Ela passou a estudar o assunto e concluiu que a família precisava ajudar em casa. Com o auxílio do marido e do filho mais velho, Micheli percebeu a evolução de Davi ao longo dos anos.

Se locomover com segurança, pegar ônibus e até atravessar a rua são dificuldades reais para que sofre de Transtorno do Espectro do Autismo. A síndrome pode ser leve, moderada ou severa e afeta, principalmente, as habilidades sociais. “Quem tem autismo tem muita dificuldade no que é abstrato, na linguagem figurada. Isso torna ele muito frágil”, afirma Micheli, que completa: “Se alguém fala que vai chover canivete meu filho não entende”.

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A adolescência

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Foi observando essas dificuldades do Davi que ela entendeu que, por mais que a infância dele tivesse sido uma fase agradável, quando chegasse a adolescência os problemas poderiam aumentar. Interagir com outras pessoas é algo delicado para qualquer criança que começa a entrar na adolescência e para alguém com autismo, os desafios seriam ainda maiores.

Pensando nisso e pesquisando muito, Micheli decidiu se dedicar ao desenvolvimento de um projeto que melhorasse a qualidade de vida do filho e de tantas outras crianças. Utilizando técnicas da Teoria das Molduras Relacionais ela percebeu que o Davi evoluiu muito e, em parceria com duas sócias, abriu uma clínica para atender mais famílias como a dela.

“Eu vi que conseguia ensinar para o meu filho o que eu nunca acreditei que pudesse. Ele pode fazer amigos, adquirir habilidades sociais. E é isso que os pais querem para os filhos”, diz. A ideia é atender crianças com mais de 7 anos com Transtorno no Espectro Autista e outras patologias neurodiversas (TDAH, ansiedade e depressão, por exemplo).

No Brasil não há uma estatística oficial, mas o Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos Estados Unidos defende que lá, a cada 54 crianças que nascem, uma tem autismo. A causa é desconhecida, mas o fato é que são muitas pessoas. O atendimento, na maior parte das clínicas especializadas, de acordo com Micheli, é voltado a crianças de 0 a 7 anos. Então havia a necessidade de compartilhar os conhecimentos e experiências que ela vivenciou.

A clínica Emergir - Intervenção Comportamental funciona em Curitiba e tem capacidade para 50 crianças e adolescentes, mas o atendimento também pode ser remoto. E mais do que um negócio, é um projeto de vida. “Quando vi o quanto o Davi se desenvolveu, eu falei que tinha que oportunizar isso para outros pais. O que me motiva é poder ajudar e ver esses indivíduos melhorando. Me dá uma realização pessoal que não tem preço”, conclui.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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