Ninguém podia imaginar que uma competição boba entre dois antigos amigos da cidade de Huntingson, na Pensilvânia, se transformaria em um movimento de solidariedade que já se espalhou para outras cidades do estado norte-americano. Mas foi exatamente isso que aconteceu durante este ano com os amigos Scott McKenzie, de 58 anos, e Jeremy Uhrich, de 42.
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Tudo começou quando McKenzie, que é pai de dois filhos, foi demitido de seu emprego em abril e, para não deixar o tédio tomar conta de seus dias em tempos de pandemia, decidiu explorar novas habilidades. Aprender a fazer biscoitos era uma delas. E parece que ele foi bem-sucedido. “Eu fiz uma bagunça absoluta na cozinha, mas os biscoitos ficaram realmente muito bons”, disse ele em entrevista ao The Washington Post.
Feliz com o resultado, McKenzie quis compartilhar sua mais nova conquista em seu perfil no Facebook e postou uma foto com os deliciosos biscoitos. Não demorou muito para o professor de inglês Uhrich comentar na publicação e desafiar o velho amigo: “ótimo trabalho, mas aposto que os meus são melhores que os seus”.
Qual é o melhor?
E a competição foi levada a sério. De início, os amigos pensaram em distribuir seus biscoitos para os profissionais de serviços essenciais de sua pequena cidade e pedir a opinião de cada um. Mas devido aos riscos da pandemia eles tiveram que mudar de ideia. E por que não pedir para que o prefeito da cidade entrasse na brincadeira? Foi o que eles fizeram.
Os amigos conversaram com David Wessels, prefeito de Huntingdon Borough, e propuseram que ele escolhesse o melhor cookie. Depois da decisão, aí sim, eles entregariam o resto dos biscoitos para trabalhadores essenciais, entre eles profissionais de saúde, bombeiros e funcionários de mercados. E o prefeito topou a brincadeira.
Para deixar a competição ainda mais acirrada, uma ex-aluna de Uhrich também pediu para entrar na disputa. Com transmissão pelo Facebook para toda a comunidade local, Wessels avaliou os três receitas de biscoito e decidiu: nem os biscoitos de McKenzie e nem os de Uhrich, quem ganhou a competição foi a ex-aluna Rachel Kyle, de 18 anos.
“Cookies for Caregivers”
Depois do resultado, os amigos saíram para distribuir os apetitosos biscoitos pela cidade. A atitude emocionou profundamente todos os trabalhadores que receberam esse carinho especial. “Saímos pensando: ‘Um pouco de açúcar e um pouco de farinha podem ajudar muito. Devíamos fazer de novo’”, disse Uhrich.
Foi aí que surgiu o grupo Cookies for Caregivers (em tradução livre, Cookies para Cuidadores). Criado justamente para espalhar a iniciativa, em poucos dias, o grupo no Facebook reuniu mais de 100 pessoas interessadas em ajudar. Com uma organização bem desenhada por McKenzie e Uhrich, o projeto tem sido um sucesso: os padeiros voluntários produzem os biscoitos e, semanalmente, os dois amigos saem para fazer as entregas por toda a cidade. De abril para cá, já foram entregues pelo menos 15.500 cookies.
O presidente do Penn Highlands Huntingdon, o hospital da cidade, fez questão de afirmar o quanto essa iniciativa tem feito bem à sua equipe. “Nós entregamos os biscoitos em todos os departamentos de nosso hospital para que cada pessoa que trabalha saiba que a comunidade está lá, apoiando-os e pensando neles. Eles adoram”, afirma Joe Myers.
Agora, pessoas de outras regiões já foram inspiradas pela ideia dos dois amigos e estão fazendo o mesmo em suas comunidades. Entre elas, o pai de Uhrich. “Já entregamos cookies em mais de 120 lugares, bombeiros, escolas, correios”, conta Jerry Uhrich, de 71 anos, que mora na cidade Hershey, também na Pensilvânia, e luta contra um câncer de pulmão. “Para mim e minha esposa, isso aquece nossos corações. Tiramos mais proveito do que os destinatários. Se pudermos continuar com isso durante esses tempos difíceis, isso dá a todos um pouco de alívio e você vê sorrisos em vez de brigas e divisão”.
Para McKenzie e Uhrich, não há nada que pague ver a reação emocionada de tantas pessoas ao receber esse gesto de cuidado e carinho. “Metade das pessoas para quem entregamos os biscoitos está em lágrimas. Há tanta emoção envolvendo tudo o que estamos vivendo e então, dar a alguém um doce pedacinho de normalidade tem ajudado muitas pessoas”, afirma McKenzie.