A viagem de três meses para a Angola se transformou em um objetivo de vida. Foi pensando em trocar a festa de formatura por uma viagem pelo continente africano, que duas irmãs de Anápolis, em Goiás, descobriram um propósito. Em 2011 Betty e Brenda Agi decidiram fazer um trabalho voluntário dando aulas de dança para crianças e jovens na África e lá perceberam que muitos alunos não tinham o que calçar porque um simples par de chinelos custava 40 dólares.
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De pés descalços e feridos pela areia quente, as crianças africanas enfrentavam desafios até então desconhecidos pelas duas irmãs. De volta ao Brasil elas decidiram fazer alguma coisa para ajudar. A campanha Doe Chinelos arrecadou 10 mil pares de sapatos, doados a comunidades de Angola, do Haiti, da Índia e, claro, aqui do Brasil. Foi assim que começou o trabalho da ONG Compaixão Internacional.
“Nossa viagem para a África foi um caminho sem volta porque a intenção era uma ação específica, mas quando você se depara com tantas necessidades e que você pode ter a resposta para esse problema, você acaba fazendo”, conta Brenda Agi, fundadora e vice-presidente da ONG. Dez anos depois os números impressionam: 70 mil pessoas atendidas, mil voluntários e oito projetos que ocorrem o ano todo, em 17 países.
Dentre as muitas atividades, a ONG arrecada chinelos para doar para comunidades carentes, mantem uma escola itinerante de corte e costura para alunas no Brasil, em Moçambique e em Angola, e promove os Direitos da Comunidade Albina, porque em países da África essa condição genética ainda é um tabu. Também presta atendimento odontológico e, mais recentemente, colabora com a alfabetização de crianças de escolas públicas que tiveram a aprendizagem prejudicada por causa da pandemia, assim como promove a doação de cestas básicas para famílias que perderam as fontes de renda.
Junto com um trabalho tão importante, vem a responsabilidade, que Brenda entende perfeitamente. “É gratificante, mas tem um senso de responsabilidade porque muitos projetos param e a gente vê muitas pessoas deixadas na mão”, destaca. E mais do que simplesmente prestar assistencialismo, o objetivo da ONG é emancipar comunidades inteiras.
“Todo projeto social deve levar essa comunidade a um passo a mais e não estagnar essa população para ficar naquele ciclo vicioso da doação. Pra isso usamos ferramentas de gerenciamento de projetos para empoderar esses locais”, argumenta a vice-presidente. O caminho é longo, mas se depender da disposição das irmãs e da força da união dos voluntários, muitas pessoas e comunidades ainda receberão auxílio.