Nicole também é modelo em uma agência de Fortaleza.| Foto: Arquivo pessoal/Orleanda Lemos
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Limitação é uma palavra desconhecida para a pequena Nicole Lemos, de 8 anos. Ela estuda, enfrentou todos os desafios das aulas à distância na pandemia, é modelo, criadora de conteúdo digital, se arrisca na capoeira e é bolsista de uma escola de balé, em Fortaleza, no Ceará. Aos 2 anos de idade a família descobriu que ela era surda. E isso nunca foi um problema.

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“A surdez não a impede de fazer o que ela quer e levar uma vida completamente normal”, conta a mãe, Orleanda Lemos. Ela explica que mesmo sem ouvir, nas aulas de dança a Nicole sente a vibração do som e se movimenta conforme a música. O principal incentivo veio da avó, que era professora de dança.

Nicole foi alfabetizada em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, e é assim que ela se comunica com o mundo. Inclusive com o irmão mais novo que, mesmo ouvinte, também já domina a língua. “A gente se adapta à Nicole e não ela a nós. Porque é muito fácil a gente querer que as pessoas se adaptem ao nosso jeito”, revela Orleanda.

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Mãos que Educam

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Apesar de ter tido contato com Libras na adolescência, Orleanda aprendeu mesmo em 2015. E foi junto com a Nicole que nasceu a vocação de dar visibilidade à comunidade surda, com a criação do projeto Mãos que Educam. A ideia é que outras crianças e adultos possam ter as mesmas condições que a filha dela e que cada vez mais pessoas conheçam a língua que utiliza gestos e expressões faciais e corporais.

“A história da sociedade surda é muito linda, mas muito sofrida. Quero mostrar, através da história da Nicole, como os surdos são”, afirma Orleanda. Quando Nicole foi aceita na agência de modelos, a mãe criou um perfil nas redes sociais. E é por esse meio que a menina mostra um verdadeiro talento. Em diversas publicações, Nicole ensina o básico para quem estiver disposto a aprender.

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Setembro Azul

As duas estão se preparando para vários eventos durante o mês de setembro, o mês da visibilidade da Comunidade Surda. “Ainda existe um preconceito e um tabu muito grande em volta dos surdos. Nosso papel é ensinar, orientar, mostrar que existem direitos e deveres”, enfatiza Orleanda.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido em busca de condições iguais e menos preconceito. Otimismo é o que não falta para essa família, que se esforça para mostrar que conhecimento nunca é demais. “Falta as pessoas abrirem a mente. Eu uso a minha voz como um alto-falante. Uso tudo que puder em prol da Comunidade Surda”, conclui a mãe, orgulhosa de todas as conquistas da filha.