Linda Herring sempre quis ter uma grande família, mas nunca teria imaginado que ao longo da vida acolheria cerca de 600 crianças em sua casa. Junto ao marido Bob, ela fez de sua casa um lar seguro e carinhoso para crianças que não estavam sob a guarda de seus pais por quase 50 anos.
O casal que mora em Johnson County, no estado norte-americano de Iowa, se dispôs a realizar o acolhimento familiar quando ainda morava em outra cidade do estado, Oxford. “A minha melhor amiga tinha acolhido algumas adolescentes, então pensei: ‘Bem, seria legal fazer o mesmo’, mas eu queria crianças pequenas”, contou Linda, hoje com 75 anos, à CNN. “Então, conversei com o Departamento de Serviço Social e concordei em acolher crianças com necessidades médicas”.
Na época, Linda também administrava uma creche para famílias da região e trabalhava como guarda noturna em uma escola de Ensino Médio. Ela ainda foi voluntária como socorrista por quase 50 anos e ficou conhecida na cidade por acolher qualquer criança que precisasse, independentemente de sua idade, sexo ou necessidades especiais. Em outubro de 2019, o casal decidiu parar de acolher novas crianças para cuidar da própria saúde.
Três das crianças que passaram pelos seus cuidados acabaram sendo adotadas pelo casal, juntando-se aos seus cinco filhos biológicos. Anthony Herring, por exemplo, tinha seis meses de idade quando foi acolhido na casa de Linda e Bob, e foi oficialmente adotado aos três anos. “Hoje, sendo pai, sou ainda mais grato por ter sido adotado do que era quando criança”, conta Anthony, que hoje tem 39 anos. “Meus pais em ensinaram que não é o sangue que determina uma família, e sim quem você tem em sua vida para amar”.
Os outros dois filhos adotivos de Linda e Bob têm necessidades especiais severas. Dani é totalmente dependente de cuidados dos outros – os médicos diziam que ela não deveria viver muito após o nascimento, mas ela já tem 29 anos.
De pais para filhos
A dedicação de Linda e do marido a crianças que precisam de um ambiente familiar foi transmitida aos seus filhos. Quatro deles já foram famílias acolhedoras e três chegaram a adotar alguma criança. Três netos do casal também acolheram crianças em suas casas.
“É difícil pôr em palavras o impacto dela. Ela sempre estava disponível para uma criança em necessidade. Eram crianças que geralmente foram retiradas de uma situação traumática e ela as acolheu e lhes deu uma cama cálida, roupas limpas, refeições quentinha e amor”, diz Anthony. “Ela também sempre trabalhou duro para manter as famílias unidas. Sempre ajudou os pais biológicos a realizar as mudanças necessárias para manter seus filhos consigo”.
Uma explicação: o amor
Linda coleciona memórias dessas décadas de acolhimento, como o olhar de uma garotinha acolhida quando viu as roupas novas que ela lhe tinha comprado – as primeiras roupas novas que a menina tinha ganhado na vida. Uma vez adotadas por outra família, as crianças continuam a lhe mandar fotos e cartões – e muitas a visitam depois de crescidas.
“Eu amava cada criança acolhida como se fosse minha – provavelmente mais do que eu deveria”, confessa ela. “Sempre chorava quando uma delas deixava minha casa, independentemente do tempo que havia passado conosco. E me perguntava: ‘Por que continuo fazendo isso?’, porque não era fácil dizer adeus. Mas eu continuava porque tinha muito amor para dar a essas crianças em necessidade”.