As imensas chamas que cobriam o Pantanal destruíam milhares de hectares do bioma e se aproximavam da região conhecida como Paraguai Mirim, às margens do Rio Paraguai. “O fogo se alastrava há meses, e ouvíamos sobre pessoas que jogavam baldes e baldes de água para tentar proteger suas casas”, relata a técnica em agropecuária Madalena de Arruda Alves. “Só que minha família não teve nem tempo de fazer isso”, lamenta a sul-mato-grossense.
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De acordo com ela, no último dia 21 de setembro, uma mudança muito rápida no vento fez com que o fogo atingisse sua residência. “Veio muita fumaça, então só deu tempo dos meus pais tirarem as crianças da casa, pegarem documentos e fugirem”, conta a jovem de 21 anos. “Eles deixaram meus dois irmãos com um vizinho que estava em local seguro e, quando voltaram, já tinha queimado tudo”.
Madalena estava trabalhando no momento do incêndio, mas viu o cuidado recebido pela sua família. “Muitas pessoas nos ajudaram naquele momento de desespero, e uma das primeiras instituições que nos visitou e enviou itens essenciais foi a Acaia Pantanal”, afirma a jovem, que ficou impressionada pelo empenho da instituição em arrecadar materiais de construção para sua família e levar os itens, de barco, até o terreno.
Já citada no Sempre Família pelo trabalho educacional que realiza com filhos de ribeirinhos, essa instituição com 14 anos de existência também atende as famílias das crianças com apoio social, oficinas para geração de renda e ações de saúde. “Tudo contextualizado com o cuidado do bioma, porque é do Pantanal que eles extraem recursos para sobreviver”, explica a diretora do projeto, Sylvia Helena Bourroul.
Para isso, a população recebe dicas de como melhorar a alimentação, produzir artesanato e cuidar da natureza. “Inclusive, uma educadora social navega ao longo do rio, de casa em casa, para desenvolver um trabalho informativo e reflexivo sobre manejo do fogo”, afirma Sylvia, ao explicar que o objetivo é evitar novos incêndios como os de 2020 e 2021 — que consumiram quase 40% do bioma e mataram 17 milhões de animais.
Além disso, de acordo com a coordenadora, a instituição auxilia moradores em diversos aspectos, pois muitos não têm energia elétrica, telefonia ou saneamento básico, e o centro urbano mais próximo fica a 100 quilômetros. “Distância que percorremos em 10 horas usando lanchas freteiras típicas da região”, conta a mulher, que já ajudou a comunidade até em cerimônias fúnebres.
Situações que emocionam
“Recentemente, por exemplo, um bebê ribeirinho faleceu e fomos a única organização que conseguiu ajudar essa família em um momento tão difícil”, relata, ao lembrar que a equipe transportou o corpo da criança até a zona urbana e ajudou os pais com a documentação de óbito e preparação do enterro. “Episódio que nos emocionou demais”.
Já durante a pandemia de Covid-19, Sylvia conta que a queda brusca no turismo de pesca afetou demais a renda das famílias, e que a Acaia Pantanal — com auxílio de pessoas físicas e jurídicas — proporcionou alimento e cuidado para 300 ribeirinhos por meio da distribuição de cestas básicas, máscaras, álcool e outros itens de necessidade. “Tudo percorrendo grandes distâncias ao longo do Rio Paraguai”, disse Sylvia, ao garantir que o trabalho foi essencial e gratificante.
Para ajudar esse e outros projetos do Instituto Acaia, basta entrar em contato com o e-mail admpantanal@acaia.org.br ou WhatsApp (11) 99681-6801.
