Criação de hábitos saudáveis, prática rotineira dos bons costumes, protagonismo na educação são práticas que, quando cultivadas desde a primeira infância, influenciam no desenvolvimento humano, de virtudes e intelectual. Porém, além desses, a música clássica interfere diretamente na educação de valores tanto das crianças, como dos adultos.
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Alvaro Siviero, pianista e professor do Clube da Música da Brasil Paralelo, entende como música verdadeira aquela que toca o coração do homem, correspondendo ao transcendental do ser humano que o leva a se relacionar com a beleza. “Os filósofos correlacionam a música como o pulcro, ou seja, objeto de desejo, porque relaciona-se com a educação da afetividade e o encontro com a verdade e com a bondade”, explica ele.
Qualquer música traz benefícios para o desenvolvimento das crianças?
Segundo o pianista, a música que contribui para o desenvolvimento das virtudes e formação pessoal do indivíduo corresponde ao que muitos chamam de música clássica, embora ele não goste da classificação que a adjetive. “Músicas com batidas cíclicas, uma melodia auto repetitiva, muitas vezes acompanhada do chimbal ou dos pratos, por exemplo, não leva o ser humano a um enriquecimento tão grande quanto ao ouvir Beethoven”, explica Siviero.
As pessoas que ouvem jazz, por exemplo, estão abertas a entender as possibilidades musicais que surgem a partir da própria música, assim como na música clássica, porque existe o elemento do inesperado. “Quando se ouve uma música, muitas vezes, sem motivo aparente, a pessoa é tomada por uma profunda emoção porque a própria música se autodesenvolveu e se autorrevelou de tal forma que emociona”, esclarece o pianista.
Para que a música tenha um autodesenvolvimento e revelação nos ouvintes ela precisa ser mostrada, e não demonstrada. Com isso, apresentar certa riqueza na composição, em especial na melodia e harmonia, facilmente encontrada nos clássicos. “Quando uma manifestação artística fala para o homem, ela se perpetua no tempo. Tanto é que a arte transcende o ser humano, capaz de trazer reflexões interiores que inspiram a racionalidade, inteligência e vontade, diferentemente de músicas compostas apenas de batidas cíclicas”.
É possível inserir o gosto pela música clássica numa cultura que não tem o costume de apreciá-la?
Sim! Siviero acredita que embora os problemas de uma sociedade sejam uma projeção ampliada dos problemas que cada indivíduo carrega dentro de si, ainda que falte a democratização e políticas públicas que incentivem o apreço pela música clássica, cada pessoa pode incluí-la no seu cotidiano e até mesmo no dia a dia do lar. “A música não precisa de nenhum pré-requisito para ser ouvida, diferente da literatura que você precisa ser alfabetizado. Simplesmente basta, sem preconceitos, de maneira desimpedida, ouvir”.
Efeito Mozart
O primeiro sentido desenvolvido no ser humano é a audição, que se encontra absolutamente formado no sexto mês de gestação. Isso comprova-se pelos benefícios apresentados pelos bebês que foram expostos à música, ainda em fase fetal, por suas mães.
“As músicas com o ritmo bastante marcado são fundamentais principalmente nos primeiros meses de vida, pois trazem estabilidade para a criança, tanto que, quando uma criança chora, as mães a trazem para próximo do peito para acalmá-las, pois o primeiro contato rítmico de uma criança é o coração materno”, explica o pianista.
Comprovado pela ciência, a música clássica escutada ainda durante a gestação, além de provocar uma reação motora, realiza uma ativação neuronal, por meio das sinapses realizadas, capacitando as crianças com melhor comunicação, aptidão crítica aprimorada e a curiosidade aguçada.
Esses benefícios comprovados cientificamente são conhecidos como Efeito Mozart, pois demonstram a relação da música clássica com o desenvolvimento intelectual e motor do indivíduo, de acordo com Siviero. “A música, de fato, é uma arma poderosíssima se usada adequadamente, não é simplesmente entretenimento. Tanto é que todos os grandes músicos nasceram de uma família profundamente musical, para vermos como isso tem efeito real”, conclui.