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“Quando deres um banquete ou um jantar, não convides os teus amigos, irmãos, ou parentes, nem teus vizinhos ricos; se assim procederes, eles poderão, da mesma maneira, convidar-te, e desta forma sempre serás recompensado. Pelo contrário, ao dares uma grande ceia, convida os pobres, os deficientes físicos, os mutilados e os que não podem ver”. O ensinamento de Jesus está presente em um trecho do Evangelho de Lucas – mas que cristão pode dizer que o segue à risca? Se o motivo é a falta de um exemplo, aí estão Ana Paula Meriguete e Victor Ribeiro, que decidiram comemorar exatamente assim o seu casamento.

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O casal de Guarapari, no Espírito Santo, se casou no dia 16 de fevereiro, depois de dois anos e meio de namoro. Envolvidos com causas sociais e com sua comunidade religiosa, eles queriam comemorar o casamento de outra forma. “A gente começou a rezar para ver o que Deus queria de nós. E, rezando, a gente foi tendo várias confirmações”, contou à TV Gazeta Ana Paula, de 23 anos.

A decisão surgiu quando, em uma missa, eles ouviram a música “O meu Reino tem muito a dizer”, de J. Thomaz Filho e Frei Fabreti, compositores renomados no cenário da música litúrgica no Brasil. Um trecho da canção evoca exatamente aquele trecho do Evangelho de Lucas: “Se uma ceia quiseres propor / não convide amigos, irmãos e outros mais / Sai à rua a procura de quem / não puder recompensa te dar / que o teu gesto lembrado será por Deus”.

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Batido o martelo, o casal enfrentou a resistência inicial de algumas pessoas próximas que consideravam a ideia uma loucura. À medida em que a notícia se espelhava, porém, mais pessoas se prontificavam a ajudar.  “A gente começou a somar forças. Amigos levaram a música ao vivo, uma empresa emprestou as cadeiras, outra emprestou as toalhas, a decoração, levou voluntários. Conseguimos pessoas para ajudar a preparar o jantar. No final, conseguimos algo muito melhor do que esperávamos”, relatou Victor, de 24 anos.

No dia 21, 5 dias após o casamento, aconteceu o jantar, que recebeu cerca de 160 pessoas no Centro Social de Santa Mônica. Os convidados foram as crianças atendidas pelo projeto e seus familiares. “Não foi mais uma ação solidária. Para mim, foi marcante do início ao fim. Quando a primeira família entrou, a gente se emocionou bastante. E eu sei que foi muito importante e emocionante para eles também”, disse Ana Paula. “Abri mão de algo em troca da paz que Deus deixou no meu coração”.

“Durante o jantar, as crianças e até os pais delas vinham nos abraçar e dar os parabéns. A gente vivenciou aquilo realmente como a nossa festa de casamento”, completou Victor. “A gente recebe muito mais do que dá. A gente saiu de lá muito preenchido. Quando terminou o jantar, a gente olhou um para o outro e foi uma sensação de realização. O sentimento é de gratidão”.

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