Foi a solidariedade que uniu as histórias de um radialista e um carpinteiro, em Fraiburgo, no oeste catarinense. Neri Gonçalves, de 66 anos, é daqueles faz-tudo. Ele mora em uma propriedade a 20 km da cidade, conserta cerca, faz roçada, pequenas construções, serviços de carpintaria em geral. O carro era o principal meio de transporte entre uma empreitada e outra. Até porque, ônibus, na região, só passa uma vez por semana.
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Em abril deste ano, Neri sofreu um acidente e ficou um tempo sem poder trabalhar. A nora dele sugeriu, então, fazer uma rifa e sortear o carro para que a família arrecadasse algum dinheiro e pudesse arcar, principalmente, com as despesas médicas do tratamento. E foi assim que tudo isso começou. “Fui pagando as dívidas, né?! Tinha que ir ao médico, fazer raio-X. Aquele dinheiro entrou na hora certa”, explica ele.
O filho de Neri entrou em contato com a rádio em que o Rafael Caetano trabalha. Eles combinaram que em uma sexta-feira fariam o sorteio ao vivo e anunciariam o ganhador para que a cidade inteira pudesse acompanhar. Só que um dia antes disso acontecer, 7 dos 600 números ainda não haviam sido vendidos. O Rafael decidiu arrematar o que faltava para ajudar. Sem nem saber que números havia comprado, o radialista fez o pagamento e seguiu para o trabalho.
No dia do sorteio veio a primeira surpresa. “Combinamos tudo no ar. Eu falei que utilizaria um programa de computador, diria o número e o seu Neri anunciaria o ganhador. Saiu o número 575. Ele encontrou o nome, mas não conseguia dizer quem era. Ficou travado”, conta Rafael. O radialista então, pediu para ver de quem se tratava e também não conseguia falar. Rafael havia ganhado.
Neri já havia informado à produção da rádio que o carro precisava de reparos. Rafael explica que no instante em que percebeu que tinha sido o sorteado, já decidiu o que faria. O sorteio foi realizado em uma sexta-feira. Na segunda, ele foi buscar o prêmio. Alguns dias depois, Neri teve a maior surpresa. Rafael consertou o carro e devolveu para ele.
“Uma atitude dessa foi muito linda. A gente ia entregar de bom coração. Entregamos e depois veio essa notícia boa”, conta Neri. Rafael, que revela não ser sortudo, afirma que a história tinha que ter acontecido desse jeito. “Eu não tenho sorte. Nunca ganho nada. Nem bingo!”, se diverte e completa: “Aquele abraço de gratidão dele valeu mais que qualquer prêmio”.
Com o velho carrinho de volta na garagem, Neri é só alegria. “Nessa época que a gente está passando, tudo difícil para todo mundo, sou muito agradecido a ele e à família dele. É um menino de ouro”, conclui.