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Com paralisia cerebral e movimentos involuntários que a impedem de segurar objetos com as mãos ou ficar em pé, Emily Bonfim Camargo nunca conseguiu caminhar e sonhava com o dia em que poderia se divertir andando de bicicleta como outras crianças. “Esse era o sonho dela, e eu tinha que fazer algo para ajudar”, conta o avô Clóvis Urias dos Santos, que chegou a comprar um triciclo para a garota se divertir pelas ruas de Sidrolândia, no interior do Mato Grosso do Sul.

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Só que a tentativa não deu certo, porque a menina de 10 anos não conseguia segurar o guidão ou manter o equilíbrio devido à doença. “Foi aí que decidi fazer uma bicicleta diferente que ela pudesse usar”, relata o pedreiro de 69 anos.

Em sua oficina improvisada no quintal de casa, o aposentado começou a desmontar algumas cadeiras, separar materiais para usar na invenção e pensar em funcionalidades que o equipamento poderia apresentar para atender à neta. “Usei duas cadeiras para montar tudo, três rodas, instalei o pedal com freio e não coloquei guidão”.

Além disso, o avô sabia que a garota gostava de ir ao supermercado e à padaria com a família. Então, instalou uma cesta atrás do assento para que ela carregasse algumas compras ou colocasse sua mochila no caminho até a escola.

“E, depois que a bicicleta estava pronta, a pintei de rosa e roxo, porque a Emily escolheu essas cores”, comenta o idoso, que não conteve a emoção ao ver a alegria da neta pedalando na bike pela primeira vez. “Ela ficou muito feliz e eu fiquei mais ainda”.

De acordo com a mãe Roseli Bonfim Acunha, de 27 anos, esse sonho da garota já era antigo e o avô até havia preparado um carrinho diferente para que a menina se locomovesse enquanto brincava pela casa. “Eu falava que era um skate porque tinha quatro rodinhas e uma cadeira em cima que meu sogro ia aumentando à medida que ela crescia”, recorda a mãe.

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No entanto, a garota não se contentava em brincar com a invenção inicial do avô e vivia pedindo uma bicicleta. “Ela falava tanto nisso que cheguei a fazer uma foto dela em cima de uma, como se estivesse pedalando”, conta. “Aí coloquei a imagem em um quadro e a Emily só ficava olhando para ele. Aquilo partia nosso coração”.

A doença

Segundo Roseli, nenhum médico constatou a doença da filha no nascimento e a família só percebeu que algo estava errado quando a menina completou cinco meses. “As pessoas falavam que minha bebê estava muito parada e que aquilo não era normal, mas eu não queria acreditar”. Além disso, os primeiros médicos que ela procurou diziam que a garota precisava apenas de mais estímulos para sentar ou brincar. “Isso também não deu certo e um neurologista acabou nos dando a triste notícia”.

Emily tem paralisia cerebral e, ainda que existam remédios para diminuir os movimentos involuntários de seus músculos, não há cura ou procedimento para reverter os danos causados em seu cérebro. Por isso, ela não tem controle dos membros superiores, não caminha e tem dificuldade para acompanhar os colegas na sala de aula. “Ela escreve com o pé esquerdo, aprende de forma mais lenta que as outras crianças e sente bastante dor”, conta a mãe.

Um pedido

Uma solução para auxiliar no aprendizado da garota, segundo Roseli, seria a compra de um computador com teclado multifuncional usado por pessoas que escrevem e digitam com os pés. “Só que o equipamento custa mais de R$ 3 mil e não temos esse valor”. A família está à procura de doadores que queiram colaborar e os interessados podem entrar em contato pelo telefone (67) 99911-5022.

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