| Foto: Foto: Facebook/Homeless Garden Project
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Ser um local que oferece refúgio, trabalho e a esperança de um futuro melhor para moradores de rua é a missão do Homeless Garden Project (em português, Jardim dos Desabrigados), um projeto fundado em 1990 por Paul Lee, um filantropo e ex-professor da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, EUA.

Lee, que faz parte do Comitê de Cidadãos para os Sem-teto de Santa Cruz, uma organização sem fins lucrativos, decidiu criar uma horta orgânica que pudesse oferecer treinamento profissional para os desabrigados, além de a oportunidade de trabalhar em um ambiente que fosse terapêutico para eles, de acordo com o site oficial do projeto.

Do início para cá, a estrutura do projeto evoluiu, mas atualmente consiste em um treinamento de um ano para um grupo de participantes. Nesse tempo, os moradores de rua passam a ter um emprego oficial no qual precisam cultivar frutas, legumes, flores e ervas na fazenda, que fica na periferia de Santa Cruz, na Califórnia. Para isso, recebem instruções básicas de habilidade para o trabalho, que são combinadas com o acompanhamento de um assistente social. O trabalho exige 20 horas semanais e é recompensado com um salário, como em qualquer outro emprego.

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Vida nova

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O Homeless Garden Project já ajudou cerca de mil pessoas. Nos últimos cinco anos, 96% dos participantes conseguiram um emprego ou uma renda estável e 86% encontraram moradia. Um deles foi o norte-americano Michael Laffoon. O morador de Santa Cruz enfrentou, por oito anos, um grave vício em metanfetamina e durante esse tempo se tornou um morador de rua.

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Em entrevista ao portal Modern Farmer, Laffoon lembrou com detalhes do dia em que decidiu reconstruir sua vida. “Acordei literalmente na minha van e pensei ‘não posso mais fazer isso porque vou morrer’”, relata. “Foi uma sensação avassaladora de que eu tinha chegado ao final de um capítulo”.

O norte-americano conheceu o Homeless Garden Project em uma cozinha onde era voluntário. Como já estava decidido a mudar de vida, entrou para o programa e, após uma ano e meio participando do projeto, conseguiu um bom emprego e uma casa para morar. E não foi só isso, a sua recuperação através da agricultura motivou-o a estudar. Alguns anos depois, Laffoon se formou em horticultura. “O projeto foi o primeiro passo de volta à sociedade normal. A primeira porta que encontrei aberta”, disse.

“Um lugar seguro, nutritivo e saudável”

Para Ella Fleming, gerente do projeto, o cultivo de alimentos tem um impacto inspirador no processo de mudança de vida dos desabrigados. Ela vê uma clara relação entre o crescimento de uma planta e a recuperação de um aluno, por exemplo. “Essas pessoas chegam até nós com tantos traumas, e nós oferecemos um lugar que é seguro, nutritivo, saudável e há uma troca que acontece nisso”.

Segundo outros funcionários do projeto, o forte senso comunitário que a fazenda proporciona é um elemento central para o processo de cura dos alunos, isso porque uma das coisas mais difíceis para eles é o fato de terem perdido o senso de pertencimento. Laffoon confirma isso. Enquanto ele morava na rua, passava muito tempo “tentando ser invisível” e se sentia isolado do resto da sociedade. Mas o projeto trouxe ele de volta à vida. Atualmente, ele atua no conselho de diretores do projeto e fornece orientações sobre o trabalho.

O trabalho dos alunos do projeto vai muito além do cultivo de hortaliças, eles também produzem velas, geleias, sabonetes, óleos e cremes. E todos esses produtos são vendidos em duas lojas de varejo da região. Já as hortaliças, são vendidas para moradores e restaurantes locais.