A atleta escocesa Vicky Wright, de 26 anos, decidiu trocar o uniforme de seu time de curling pelas luvas de procedimento, máscara cirúrgica e seu jaleco de enfermeira. E o motivo é nobre: voltar a trabalhar em tempo integral no Hospital Forth Valley Larbert na Escócia durante a pandemia do novo coronavírus.
No ano passado, Vicky havia se afastado das funções como enfermeira cirúrgica no hospital para focar em sua preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno, que estão previstos para acontecer em Pequim, em 2022. O curling é um esporte olímpico que consiste em tentar aproximar pedras de granito de um alvo, lançando-as sobre uma pista de gelo.
Há menos de duas semanas, a jogadora estava pronta para competir junto com sua equipe – que, aliás, estava entre as favoritas – no Campeonato Mundial de Curling Feminino no Canadá. No entanto, devido à rápida disseminação global do coronavírus, a competição foi cancelada às vésperas.
“Quando voamos para Prince George (cidade que sediaria o campeonato), depois de alguns dias de treinamento em Vancouver, estávamos começando a perceber que a situação mundial estava mudando e algumas incertezas sobre se nossos campeonatos iriam adiante começaram a aparecer”, contou a jogadora em entrevista à BBC. “Pudemos ver como tudo estava mudando rapidamente e sabíamos que havia outras prioridades muito maiores do que os eventos esportivos, que estão em segundo plano”.
Diante das preocupantes notícias sobre o crescente surto mundial, Vicky não pensou duas vezes para decidir o que deveria fazer nesse momento. “Quando cheguei em casa, entrei em contato com meu supervisor e disse que estava de volta para fazer o possível para ajudar. Por enquanto, estou pegando turnos extras”, contou a escocesa em entrevista ao portal The Falkirk Herald.
“Os eventos mundiais e as Olimpíadas são o auge de todos os nossos esportes e aqueles em que queremos ter o melhor desempenho, mas nossa saúde é mais importante”, afirma Vicky. “Qualquer medalha ou conquista não valeria a pena se algo desastroso acontecesse”.
Para a atleta, o trabalho como enfermeira sempre lhe deu uma “boa perspectiva da vida” e manteve seu foco naquilo que é importante. “Na minha carreira de enfermagem ao longo dos anos, sempre senti que era um privilégio estar com alguém e cuidar deles quando estavam doentes e vulneráveis, e isso sempre me fez apreciar a vida que tenho”, disse ela à BBC. “É um trabalho que amo, assim como competir no curling”.
Em entrevista ao portal Express & Star, Vicky contou que sua equipe no hospital está totalmente informada e preparada para atender os pacientes infectados e que todos estão em um “ótimo espírito de equipe”, afirmou. “Agora é hora de fazer a diferença de uma maneira diferente e agora vou fazer minha parte em uma equipe muito maior”.
Quando a pandemia passar, Vicky espera poder voltar a treinar em tempo integral para garantir uma medalha em Pequim.