Os norte-americanos Nathan e Sylvia Harrell perderam o filho Chad, de 17 anos, e decidiram fundar uma instituição que ajuda crianças e adolescentes a prevenirem a depressão| Foto: Divulgação/Keep The Spark Alive
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Atleta, alegre e com vários amigos, o jovem Chad chegou a falar para os pais o quanto era sortudo. “Ele nos disse: ‘dá para acreditar como minha vida é boa?’”,  relatou a mãe Sylvia Harrell ao Good Morning America (GMA), enquanto contava que o garoto de 17 anos tirou a própria vida semanas depois desse comentário. “Foi um soco no nosso estômago”, completou o pai Nathan Harell.

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"Infelizmente, não percebemos que ele estava passando por qualquer tipo de problema de saúde mental", afirmou a mãe. "Então, quando isso aconteceu, nossa família foi totalmente pega de surpresa. Todos que ele conhecia foram pegos de surpresa", lamentou em entrevista ao GMA.

Segundo a norte-americana, o adolescente foi atendido por um terapeuta para aconselhamento no ano anterior e diagnosticado com depressão situacional, que ocorre após algum evento traumático e desaparece em curto prazo. Com isso, o garoto finalizou as sessões indicadas pelo psicólogo e parecia estar bem, pronto para iniciar o terceiro ano do Ensino Médio.

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Chad Harrell foi atendido por um terapeuta para aconselhamento um ano antes do suicídio e parecia estar bem. Foto: Divulgação/Keep The Spark Alive

“Nunca previmos que isso fosse acontecer”, relatou o pai, que decidiu enfrentar seu processo de luto ajudando outras crianças e adolescentes que estivessem com dificuldades, traumas ou problemas mentais na área de Kansas City, estado do Missouri. “E a primeira coisa que eu queria era que os pais soubessem que isso pode acontecer com qualquer pessoa", disse.

Para isso, ele, a esposa e a filha Melanie fundaram em 2017 o Keep The Spark Alive, um instituto sem fins lucrativos que promove programas de prevenção ao suicídio em escolas da região. Traduzido em português como “Mantenha a Faísca Viva”, o nome do projeto foi escolhido em alusão ao apelido de Chad no time de lacrosse — Spark — e começou oferecendo bolsas de estudo para seus colegas de equipe.

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No entanto, a fundação conseguiu diversas parcerias e passou a focar na saúde mental dos estudantes por meio de programas e atividades que incentivam os alunos a falarem a respeito do que estão passando. “Pedimos às crianças que deixem alguém ajudá-las porque pedir ajuda é sinal de força, não de fraqueza”, explicou Sylvia, que busca prevenir suicídio, violência, bullying e o uso de drogas.

Sylvia, Nathan e a filha Melanie fundaram em 2017 o Keep The Spark Alive, um instituto sem fins lucrativos para prevenir o suicídio de adolescentes como Chad. Foto: Divulgação/Keep The Spark Alive

E o projeto já apresentou resultados. "Acabamos de receber um e-mail, por exemplo, dizendo que uma criança com dificuldades contatou uma amiga e essa amiga percebeu que elas precisavam entrar em contato com um adulto", disse. "Hoje a menina está em uma unidade de tratamento hospitalar e isso salvou a vida dela".

Além disso, o trabalho permaneceu ativo durante a pandemia de Covid-19, quando estudantes dos Estados Unidos apresentaram níveis elevados de estresse, ansiedade e sintomas depressivos. De acordo com a Associação dos Hospitais Infantis do país, os casos de automutilação e suicídio em crianças de 5 a 17 anos aumentaram em 45%, e a situação passou a ser enfrentada como crise nacional pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos.

Então, o trabalho da fundação ocorre em um momento crucial para a saúde das crianças. "Temos que dar a elas um espaço seguro para se comunicarem quando estiverem lutando", alerta Nathan, ao relatar uma situação em que seu filho comentou a respeito de problemas que estava enfrentando com alguns colegas.

"Lembro que minha reação foi: 'Eles são apenas garotos. Não se preocupe com isso. Vá encontrar novos amigos'", disse ao Good Morning America, garantindo que hoje faria diferente. "O que eu gostaria de ter falado é: ‘Cara, estarei aqui com você para ajudá-lo'”, finaliza.

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A fundação Keep The Spark Alive mantém viva a memória de Chad e ajuda crianças e adolescentes do estado de Missouri, nos EUA. Foto: Divulgação/Keep The Spark Alive