Com problemas auditivos e um acidente vascular cerebral que fez com que ele se afastasse do curso e ainda deixou sequelas, o norte-americano Renê Neira, de 88 anos, formou-se na Universidade do Texas, recebendo o grau de reconhecimento em Economia. "Esse era um dos seus sonhos", contou a neta Melanie Salazar ao Good Morning America (GMA).
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De acordo com a jovem de 23 anos, seu avô iniciou os estudos na década de 1950, mas precisou deixar a faculdade para sustentar os cinco filhos. “Desde então, vem trabalhando para obter o diploma de bacharel”, relata a jovem, que incentivou o homem a retornar à sala de aula no mesmo ano em que ela também ingressaria na universidade: 2017. E ele aceitou o desafio.
Estudante de Comunicação, Melanie não chegou a ter aulas com o avô, mas acompanhava nos horários de almoço e até estudava com ele na biblioteca. “Trabalhávamos silenciosamente, lado a lado”, lembra a garota, que também via o idoso em diversas reuniões de um clube escolar que ela liderava. “Isso era muito especial porque eu sempre podia exibi-lo e gritar que o meu avô estava lá”.
Além disso, o homem de 88 anos fazia questão de participar das aulas de Economia e de compartilhar experiências de vida com colegas e educadores. “Ele sempre tinha algo a dizer, especialmente se seus professores tivessem opiniões diferentes das dele", brincou Mellanie em entrevista à CBS News.
Mas que frequentar o curso não foi tarefa fácil. “Principalmente nos últimos anos, com perda auditiva, sem carro [para ir à faculdade] e tendo que tirar licença médica porque sofreu um derrame”, lamentou a neta, orgulhosa pelo esforço do avô. “Eu realmente o admirava pela sua perseverança em continuar”.
E foi essa admiração que fez com que ela e outros membros da família solicitassem à universidade um grau de reconhecimento ao idoso pelo seu empenho durante o curso, ainda que não tivesse concluído todas as matérias exigidas. "Estávamos realmente pressionando a instituição, porque a saúde dele estava piorando e queríamos que meu avô tivesse essa memória antes de falecer”.
Segundo a jovem, a faculdade aceitou o pedido e ela teve a oportunidade de formar-se junto com Renê, empurrando a cadeira de rodas dele pelo estádio. “Estou muito grata por ter tido esse momento com ele", comemorou a formanda de Comunicação. "Foi realmente especial poder dizer 'você conseguiu'".
Em entrevista ao GMA, Renê afirmou que sua dificuldade auditiva impediu que ele ouvisse os aplausos no momento em que subiu no palco, mas que a experiência de participar da formatura foi única. "Senti que fui dominado pela emoção", descreveu.
A cerimônia foi registrada dia 11 de dezembro de 2021, poucos dias antes de Renê completar 88 anos, e agorae o idoso aguarda a chegada do seu diploma, pelo correio. “Meu avô trabalhou duro por esse objetivo e pode dizer que conseguiu".