Ficar internado em decorrência da Covid-19 é uma batalha que ninguém quer enfrentar. Só que para a Alessandra Nunes Gonçalves Gomes, de 42 anos, esse pesadelo foi o início de uma linda história. Em novembro de 2020, depois de testar positivo para o coronavírus, a moradora de Macaé (RJ) precisou de atendimento hospitalar. Com 75% do pulmão comprometido, por pouco ela não precisou de cuidados no Centro de Terapia Intensiva.
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“Eu mal abria o olho, mas eu escutava. A enfermeira me dizia para lutar, que não queria que eu fosse para o CTI”, revela Alessandra. Com o passar dos dias ela foi melhorando e conseguia conversar com outra pessoa, que estava na maca ao lado da dela. Os leitos eram separados apenas por uma cortina e logo ela fez amizade com essa paciente.
Era Yamila, uma mulher de 31 anos, diabética, que ficou cega dois anos antes por complicações da doença e ainda fazia hemodiálise. Ela já estava internada há 10 dias quando Alessandra chegou. A situação e a história da vizinha de quarto eram comoventes. A jovem tinha sido abandonada pela família.
Em pouco mais de 10 dias de convivência o carinho entre as duas foi tão intenso, que Yamila passou mal quando Alessandra melhorou e os médicos cogitaram levá-la para outra ala. “Eu sabia que tinha algo muito forte entre a gente”, afirma Alessandra, que prometeu ajudar a nova amiga.
Grande coração
Casada com um pedreiro, Alessandra faz marmitas para vender. Ela tem três filhos biológicos, duas meninas pequenas que são adotadas e ainda cria uma sobrinha. O dinheiro é curto, mas a vontade de ajudar é muito maior. Depois que teve alta, Alessandra soube quando Yamila sairia do hospital e tentou contato, mas não conseguiu encontrar com ela.
Sem saber exatamente onde Yamila morava, Alessandra decidiu procurar o local em que a moça fazia hemodiálise e descobriu que ela tinha voltado ao hospital em que as duas se conheceram devido a um grave sangramento. “Sozinha em casa, ela quase morreu. Perdeu 1,5 litro de sangue. Aí eu vi que ela realmente precisava de alguém”, conta.
Depois de muita conversa com a assistente social do hospital, Yamila foi liberada e Alessandra se comprometeu a cuidar dela. Nesse momento já estava decidido: a partir de então, a casa da família Nunes teria mais uma moradora.
Meses depois, todos já se adaptaram à rotina. Yamila precisa de ajuda para fazer praticamente tudo, não toma banho nem se veste sozinha e três vezes por semana precisa fazer hemodiálise. Ela ainda tentou contato com a mãe biológica, mas nem foi recebida por ela. Desde então brinca que virou filha da Alessandra. A luta, agora, é entrar na fila por um transplante de rim.
A Covid-19 foi apenas mais um obstáculo na vida dessas duas mulheres. Com muito amor as duas superaram cada dificuldade e hoje são exemplos de que a esperança e a solidariedade podem estar logo ao lado. “Deus tinha um propósito para a minha vida e para a vida dela. Fui parar ao lado dela naquele hospital tão grande. Quando a gente pensa que a vida não tem mais volta, eu voltei e ainda trouxe mais uma pessoa comigo”, conclui Alessandra.