A busca das mães que têm um filho com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é mostrar a ele que todo tipo de preconceito pode ser superado durante a vida. Segundo Michelli Freitas, psicopedagoga e diretora do Instituto de Educação e Análise do Comportamento (IEAC), quando uma mulher recebe o diagnóstico de autismo ou qualquer outra síndrome que possa afetar o desenvolvimento do seu filho, ela precisa reprocessar tudo o que havia sonhado para aquela criança desde a gravidez. “O instinto de mãe protetora é muito maior para deixar o ambiente menos impactante para a criança”, diz.
Jovem autista se forma em medicina e se destaca na profissão
Michelli é mãe de um garoto autista e sabe muito bem como é enfrentar toda essa situação. O diagnóstico de autismo veio quando seu filho tinha dois anos e cinco meses, e a falta de informação e de profissionais qualificados para atende-lo e ajuda-la como mãe, foi decisivo para a abertura do IEAC. Hoje ela compartilha experiências com outras mães, por meio de atendimentos no instituto, e ali também oferece cursos de formação. “Quem não convive com crianças autistas pode não saber lidar com a situação e acaba cometendo gafes e até sendo desagradável com as mães”, enfatiza.
Diante dessa falta de tato que muitas pessoas têm ao lidar com a criança autista e sua família, a psicopedagoga listou algumas coisas que você não deve dizer e nem fazer a essa mãe:
1. “Ela não tem autismo”
É muito comum as pessoas dizerem esta frase com o intuito de enfatizar que a criança é esperta ou que é “bonita demais”, e por isso ela não seria autista. “Embora as pessoas façam sem intenção de ofender é algo sem nenhuma conexão, pois o autismo não está associado a formas físicas”, comenta a especialista. Ela completa que muitas destas crianças podem ter habilidades que se destacam, mas esta não é a realidade da grande maioria.
2. “Seu filho precisa de limites”
Os comportamentos inadequados das crianças autistas são confundidos, com birra ou indisciplina, gerando olhares de desaprovação em público. “Ouvir este tipo de frase faz com que as mães se sintam constrangidas e incapacitadas”, diz Michelli.
3. Falar sobre a criança como se ela não estivesse presente
A criança autista pode entender tudo o que acontece a sua volta. A psicopedagoga aconselha a ter muito cuidado como se refere a uma criança com TEA.
4. Caras e bocas
Além dos olhares de desaprovação, as mães de autistas sofrem por expressões negativas de outras pessoas. “Isso é muito comum em filas e locais de estacionamento – quando pais de crianças que não possuem algum atraso visível usam da fila preferencial ou param numa vaga preferencial. É visível a desaprovação”, conta Michelli.
5. Não seguir as orientações dos pais
Ao tentar ajudar, parentes ou pessoas próximas acabam desautorizando os pais ou responsáveis da criança autista. “Este comportamento afeta pais de crianças em geral. Cada família tem seus hábitos, padrões, cultura”, explica a psicopedagoga. Isso pode gerar a quebra de rotina e resultar em problemas posteriores.
6. Os autistas não gostam de abraço
“Não é correto igualar as crianças autistas, fazendo afirmações generalizadas”. Segundo a psicopedagoga, cada criança é única e deve ser tratada como tal.
7. Remédios ou tratamentos milagrosos
“É comum ouvir comentários do tipo ‘Minha vizinha fez com o filho’ e trazer para a conversa curas milagrosas, remédios, plantas, substâncias e tratamentos sem nenhum tipo de fundamento ou estudo”. Michelli aconselha que esta postura deve ser evitada também para qualquer criança, correndo o risco de fazer mal à saúde dos pequenos.
8. Você é uma mãe muito especial
Embora a frase soe empática, este tipo de comentário não é bem visto. “Somos mães como todas as outras, com muitas dificuldades e incertezas”, finaliza a especialista que também já passou por isso.
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