Quase todos já ouviram a célebre frase atribuída ao pensador chinês Confúcio: “Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida”. Mas não é fácil colocar isso em prática, ainda mais quando você não se acerta com a profissão que decidiu seguir.
Siga o Sempre Família no Instagram!
Várias pessoas, em algum momento da vida, procuram mudar de carreira. Ou pelo menos almejam mudar. Seja por infelicidade na profissão que seguiram, seja por frustrações com o retorno financeiro, o fato é que essa decisão exige planejamento.
Esse processo é individual e deve ser lento, como explica a coordenadora do curso de psicologia da Estácio Curitiba, Jocely Burda. A transição, segundo ela, é um processo de reorganização. “É um empreendimento em que a pessoa precisa entender que provavelmente vai mudar de estilo de vida”, diz ela. Ao mesmo tempo em que é possível ter ganhos, algumas perdas são inevitáveis, de acordo com a psicóloga.
Abandonar antes de começar
Atualmente professora de inglês, Maria Eduarda Batista revela que na graduação estudou odontologia. Ao terminar o curso investiu na montagem de um consultório, porém logo percebeu que aquilo não seria o que a faria feliz.
Ela descobriu a paixão pela docência e resolveu abandonar a carreira antes mesmo de começar. “Foi muito difícil, minha família e meus amigos não entendiam, mas pra mim fez muito sentido. Resolvi arriscar e hoje amo o que faço”, conta.
No caso da Maria Eduarda a perda financeira não foi tão grande porque ela conseguiu repassar o espaço completo, junto com os equipamentos. Houve, claro, investimento em estudo para aprimorar as técnicas como professora e, posteriormente, outra graduação, em Letras.
Mudar, com filhos
Para Fernanda Martins, advogada, a decisão foi um pouco mais difícil. “Eu já era casada e com dois filhos quando resolvi largar o escritório de advocacia em que trabalhava há anos, para atuar como autônoma. Precisei me preparar”, ressalta a advogada.
Fernanda explica que, apesar de ter continuado na mesma área – advocacia trabalhista –, a mudança principal foi a rotina. Não precisar cumprir horário foi o maior desafio pra ela. “Teve um dia que saí no meio da tarde caminhar no parque e me culpei muito. Parecia que estava descumprindo uma regra”, confessa.
Esse sentimento é bastante normal, como destaca Jocely. “O impacto emocional de uma mudança assim é bem grande”, argumenta.
Discuta em família
Outro aspecto importante que deve ser analisado e que a psicóloga Jocely Burda reforça é a importância de conversar e discutir com a família a respeito. “Família influencia muito nisso. Pode ser tanto negativa como positivamente, por isso o ideal é conversar antes e analisar as possibilidades e consequências da decisão”, ensina ela.
Maria Eduarda não deu essa chance para a família, mas ainda era bem jovem quando tomou a decisão de mudar. Já Fernanda conseguiu envolver todos e traçar um plano bem detalhado. “Eu e meu marido passamos um tempo economizando dinheiro e fizemos uma reserva para o caso de surgir algum problema financeiro. Precisávamos dessa folga para ter certeza de que as contas não seriam afetadas”, ensina.
Saber trabalhar com frustração é essencial, na opinião de Jocely. “Mudar tira a pessoa da zona de conforto, então o medo do fracasso é presente. Por isso tem que ser feito de forma gradativa”, aconselha. A vantagem é que quando dá certo a chance de se reencontrar é enorme, assim como a de finalmente ter um trabalho que se ama.