Um dia, uma semana ou um período maior de dificuldades no trabalho podem acontecer. Mas até que ponto isso é normal?| Foto: Bigstock
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Todo mundo já teve um dia ruim no trabalho. Muitas vezes até uma semana ou um período bem maior em que é difícil encarar a rotina. Mas até que ponto isso é normal? E qual o momento de colocar um basta para tentar coisas novas? Essa insatisfação não precisa tirar o sono de ninguém, e analisar o que vale a pena em cada caso é fundamental.

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A psicóloga e consultora motivacional feminina, Meillyn Lemos, acredita que a vida é feita de ciclos. “Todos queremos resolver fatos na vida. Em algum momento ou queremos expandir a carreira ou repensamos se o que fazemos é válido ou não”, diz. De acordo com ela, normalmente as mulheres conseguem resolver esse aspecto porque lidam melhor com as emoções do que os homens.

Tudo é uma questão de prioridade, afirma a psicóloga. O fator emocional, muitas vezes, faz com que a pessoa releve os próprios sentimentos e reflita sobre o que precisa fazer para melhorar no trabalho. A família também é um fator importante nessa decisão: cerca de 30% das mulheres, segundo Meillyn, não retornam ao trabalho depois do nascimento de um filho, apesar de 41% delas se dizerem satisfeitas com a carreira.

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Pontos de atenção

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De uma forma geral, alguns sinais devem ser analisados ao pensar sobre o emprego e, se vários deles fazem sentido, talvez seja hora de mudar de planos:

  1. Bem estar psicológico comprometido

    Aquela melancolia que vem no fim do dia, aos domingos, só de pensar que a segunda-feira já vai começar, não pode ser constante. É preciso avaliar, por exemplo, a qualidade dos relacionamentos no trabalho: se o chefe e os colegas são empáticos, acolhedores, pessoas positivas.
  2. Falta de autonomia

    Outro aspecto importante é refletir sobre a autonomia dentro do ambiente de trabalho. Em um local que valoriza o profissional, essa pessoa tem capacidade para operar as funções de acordo com o que acredita, tem liberdade de agir de acordo com critérios pessoais. Isso também se relaciona com o domínio sobre a atividade exercida e a competência para tal. É importante analisar, nessa hora, as próprias habilidades.
  3. Desabafar demais

    Falar sobre a rotina de trabalho com pessoas próximas é muito comum, principalmente se o interlocutor tem alguma familiaridade com o assunto. O que não pode acontecer é ser esse o único tópico de uma conversa. Ainda mais com a família e amigos de fora do ciclo de trabalho.
  4. Sem possibilidade de crescimento

    A empresa deve oferecer recursos para que o profissional cresça. É isso que possibilita alegria e entusiasmo pelo que se faz. Quando o trabalhador não vê prazer na atividade que exerce e não se motiva não a fará com a mesma qualidade e isso compromete toda a cadeia produtiva.
  5. Pequenos vícios ao longo do dia

    Parar para um café ou fazer uma pausa durante o dia é saudável e, inclusive, garantido por lei. O problema é inventar desculpas para não executar as atividades do dia-a-dia. Saidinhas para o banheiro constantemente, ligações não programadas e até parar para comer quando nem se está com fome podem ser distrações para postergar tarefas.
  6. Propósitos e valores incompatíveis

    Se o produto que a empresa oferece ou o propósito daquela atividade não bate com as próprias crenças do funcionário também há uma incompatibilidade difícil de sanar. Os valores devem ser ao menos parecidos para que a parceira funcione da melhor forma.
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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Crise momentânea ou duradoura

Adriana Cancelier, psicóloga clínica, administradora de empresas com MBA em gestão comercial, explica que é preciso refletir sobre todos esses pontos sempre que possível. “Quando a pessoa não percebe essas coisas, começa a desenvolver ansiedade, frustração. São sinais físicos de esgotamento”, destaca. Ela também afirma que em 2020 e, possivelmente, em 2021 a depressão seja a maior causa de afastamento do trabalho no Brasil.

O aspecto financeiro, analisa Adriana, não deve ser a única motivação para manter alguém no emprego. “Deve-se levar em consideração tudo aquilo que é oferecido além do salário, principalmente a cultura da empresa e a função desempenhada”, diz ela. Caso seja uma crise em relação apenas à atividade exercida, a psicóloga orienta a procurar vagas dentro da mesma empresa. Mudar de área pode ser a solução para quem está infeliz com o que faz todos os dias, mas tem os mesmos propósitos do empregador.

Meillyn também reforça um aspecto essencial nessa busca diária: conseguir conversar com alguém que entenda o que se está passando. Poder ser franco com a família e até com o chefe é algo libertador, defende a psicóloga, que ainda conclui: “Ter autorresponsabilidade é fundamental. O segredo é você não delegar ao outro a sua felicidade e a sua conquista”.