A ideia inicial era tratar da maternidade no ambiente corporativo, mas hoje a consultoria trabalha a parentalidade como um todo.| Foto: Clarissa Menna Barreto
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Foi a gestação e o nascimento dos filhos que levaram duas mulheres, hoje sócias e amigas, a uma conclusão comum: mães podem ser profissionais ainda melhores. Há quatro anos a publicitária Luciana Cattony e a engenheira de produção Susana Zaman se dedicam a mostrar ao mercado como o universo materno pode e deve ser estimulado. Só que a realidade, muitas vezes, não reflete esse pensamento.

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“Eu vi um estudo que concluiu que 48% das mulheres interrompem as carreiras devido à maternidade e eu fazia parte dessa estatística”, afirma Susana. Com uma carreira consolidada na área de gestão de pessoas de uma grande empresa, a engenheira decidiu empreender. Deixou o emprego para se dedicar a um projeto e percebeu que a situação dela era semelhante à de tantas outras mulheres.

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Com a Luciana a história foi parecida. Ela se deu conta de que mal convivia com o filho pequeno e que as professoras da escola o conheciam melhor do que ela. O pedido de demissão veio para ficar mais tempo com o filho e iniciar um plano para levar mais leveza e alegria às mães. “Eu via que as mães eram muito cobradas pela sociedade e, principalmente, por elas mesmas. Há nove anos ninguém falava em vida real como se fala hoje”, revela.

As duas se aproximaram e decidiram criar a Maternidade nas Empresas. A ideia inicial era trabalhar a maternidade no ambiente corporativo. Só que as sócias perceberam que nem toda empresa está madura o suficiente para isso. “Demos um passo atrás e fomos estudar sobre equidade de gênero”, conta Luciana, que completa: “Hoje trabalhamos a parentalidade e tudo o que circunda esse tema”, diz.

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A transformação social que um trabalho como esse gera serve de combustível para que elas possam continuar. “Pessoas próximas a mim diziam que eu era maluca de trabalhar com maternidade nas empresas, diziam que ninguém ia nos contratar”, conta Susana. Estavam todos errados. A consultoria não só deu certo como tem alterado a mentalidade em muitas equipes de Recursos Humanos Brasil afora. “As empresas não só precisam de ajuda como percebem o valor de ter colaboradores mais completos”, ressalta a engenheira.

“Maternidade é como óculos, disponível para todo mundo. A gente enxerga o mundo sob as lentes da empatia e do cuidado”, enfatiza Luciana. Informações, cartilhas e palestras sobre como trabalhar essa questão e até a empatia no home office compõem uma das frentes de atividades que podem incluir, ainda, a consultoria para entender os dilemas acerca de equidade de gênero e desenvolver estratégias para que o cliente seja mais favorável à presença feminina.

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Home office

Apesar de desde o início da empresa terem trabalhado de casa, as empresárias também sentiram as dificuldades de organizar a rotina com a família toda e as crianças nesse ano de pandemia. Essa modalidade de trabalho à distância, inclusive, fez com que as duas fossem ainda mais procuradas pelas empresas que queriam lidar melhor com os desafios impostos nesse último ano. Aproveitaram esse momento, também, para dividir melhor as tarefas e funções e até fazer investimentos para profissionalizar setores que exigiam mão de obra mais qualificada.

Os desafios ainda são imensos para que a maternidade seja normalizada no mercado de trabalho. Elas acreditam, porém, que os pequenos passos que já deram até hoje têm contribuído muito para que no futuro, os filhos delas, e toda a geração que vier depois deles, não precisem ter que discutir essas questões.