Letícia Ueoka retornou da licença-maternidade no início da pandemia de Covid-19 e levou cerca de seis meses para se acostumar com a nova rotina em casa. Foto: Arquivo Pessoal| Foto: Arquivo pessoal/Leticia Ueoka
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A volta ao trabalho em regime de home office após a licença-maternidade pode parecer uma opção mais tranquila para a mãe. Afinal, ela e o filho estarão juntos em casa, a amamentação continuará em livre demanda e a mulher poderá realizar suas atividades profissionais enquanto adianta outras demandas. Será? Na teoria parece perfeito, mas, mesmo recebendo ajuda para cuidar da criança, a realidade é bem diferente. “Trabalhar 100% em casa com um bebê é caótico”, afirma Letícia Ueoka, de 42 anos.

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Profissional da área de Marketing, ela retornou da licença-maternidade no início da pandemia de Covid-19 e teve muita dificuldade para atender a pequena Valentina enquanto trabalhava. “Meu marido tentava cuidar um pouco dela, mas a neném só queria ficar comigo”, conta a mãe, que dava atenção à criança, amamentava, brincava e trocava fraldas. “Ou seja, eu só conseguia me sentar para trabalhar quando ela dormia”.

O problema é que essas sonecas eram curtas e, antes que a Letícia se concentrasse, o filho mais velho, de 8 anos, também a interrompia. “Ele tinha aulas online, então me chamava quando a internet caía, quando queria comer ou porque tinha outro problema”, recorda a paulista, que precisava cumprir os prazos solicitados pela empresa, mas não conseguia. “Comecei a trabalhar durante a noite e de madrugada, mas ficava estressada, ansiosa, tive taquicardia e me sentia angustiada”.

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De acordo com a educadora parental Stella Azulay, isso ocorre devido à sobrecarga que recai sobre a mãe. “Então, ela acaba se culpando, e essa culpa é tóxica”, afirma a especialista em neurociência comportamental, que orienta as mulheres a não se cobrarem tanto, buscarem ajuda e a conversarem com os supervisores a respeito da situação. “Você precisa entender que está fazendo seu melhor, mas seu melhor não é ser perfeita”.

Inclusive, Stella afirma que muitas empresas têm se sensibilizado com mães que retornam da licença-maternidade, pois entendem que colaboradores com estabilidade emocional trazem melhores resultados para a companhia. Sem contar que “aquela colaboradora está passando por um momento desafiador que a amadurecerá, e isso contribuirá para a missão da empresa, seja qual for o produto”.

Portanto, ainda que a chefe precisasse do trabalho de Marketing desenvolvido por Leticia para aumentar as vendas online da loja, começou a flexibilizar as datas de entrega. “A gente conversava quando eu tinha problemas, também peguei algumas semanas de férias para descansar e comecei a cuidar mais de mim”, relata a mãe, ao indicar a prática de exercícios físicos para aliviar o estresse. “Isso me ajudou muito”.

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Segundo Stella Azulay, essa é uma das dicas que podem contribuir para a adaptação das mães de bebês que trabalham em home office, mas existem outras sugestões. Confira a lista completa:

  1. Tente organizar uma rotina

    Não é fácil prever como será o dia com um bebê em casa, mas é possível antecipar quais tarefas precisam ser cumpridas. Então, separe um momento no domingo à noite para listar todos os compromissos da semana. “Anote as atividades profissionais, os afazeres caseiros, horários das mamadas, o que falta comprar na semana, as ligações a fazer, e-mails a enviar, e até o momento a dois”, orienta Stella. Assim, é possível visualizar todos os compromissos e facilitar a realização deles. “Afinal, quando você coloca no papel, você tira a confusão da mente”, garante.
  2. Risque da lista o que já foi feito

    Com a lista pronta, é só começar a riscar as atividades concluídas. Isso mesmo! A cada e-mail enviado, mamada ou troca de fralda, risque essa atividade da lista para perceber que está no controle do seu dia. “Isso a ajudará a sentir-se mais produtiva, pois seu psicológico entenderá que você está realizando a demanda”.
  3. Se dedique a cada atividade

    Fazer uma atividade pensando na próxima prejudica a realização das duas. Por isso, ainda que a lista de afazeres seja longa, se dedique a cada ação, sem deixar que a ansiedade tome conta. “Curta aqueles minutos de mamada, por exemplo, porque se o bebê mamar mal, ele vai chorar depois e tornar seu dia ainda mais conturbado”, explica a orientadora parental. “E, na hora de sentar para produzir, tente esquecer o resto, sem pensar que o tempo voa e que logo mais terá outra mamada. Isso é crucial!”, completa.
  4. Converse com seu supervisor

    Ainda que se esforce, a produtividade de uma mãe com bebê em casa não será a mesma que oferecia antes da maternidade. Isso porque, além de se dividir entre trabalho, casa e o novo membro da família, suas noites de sono também são prejudicadas, o que reduz a capacidade de concentração. Portanto, é importante conversar abertamente com o gestor e buscar equilíbrio entre a expectativa da empresa e a realidade da mãe neste momento.
  5. Divida tarefas

    Contar com o marido, com a ajuda de alguma amiga ou de uma babá reduz a sobrecarga da mãe nesta fase e também sua ansiedade. Por isso, se tiver oportunidade de dividir tarefas com alguém, aproveite!
  6. Dedique tempo para você

    Por fim, ainda que 24 horas pareçam pouco para a quantidade de compromissos que você tem, é necessário separar tempo para cuidar de você. Para isso, vale fazer uma caminhada, se trancar no banheiro por alguns minutos, ouvir música ou comer algo que gosta. “Lembre que você é uma cuidadora e, se a cuidadora não estiver bem, não conseguirá cuidar de quem precisa dela. Então, não se sinta culpada por dedicar tempo para o autocuidado”, finaliza Stella.
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