A pandemia, além das alterações com os hábitos de higiene, trouxe diversas mudanças nos comportamentos humanos e sociais, impulsionando as pessoas a buscarem um autoconhecimento maior. Isso fez com que cada um pudesse refletir sobre a forma com que vive e como gostaria de viver no futuro, e os impactos disso nos relacionamentos familiares, sociais e profissionais, inclusive com a transição de carreira.
Siga o Sempre Família no Instagram!
“Depois de tudo que passamos na pandemia, acredito que as pessoas agora querem viver tudo aquilo que não viveram, querem tentar tudo o que não tentaram na vida. Este fenômeno não é exclusividade só no Brasil e ocorre, também, em vários outros países do mundo”, afirma Jorge Penillo, administrador, professor universitário e mentor de Carreira e Liderança.
A orientadora profissional e de carreira Karyn Wanessa Katzwinkel Ribeiro, explica que a transição de carreira é um movimento no qual o profissional realiza uma mudança na sua área de atuação, ou então no seu posicionamento na mesma área. Além disso, também pode significar uma mudança na forma de prestar seu trabalho.
“Hoje, quase ninguém quer preencher as antigas vagas de trabalho. Durante a pandemia, muitas delas gostaram do sistema de trabalho em home office por vários motivos, como evitar o trânsito intenso e engarrafamento dos grandes centros urbanos ou por terem a liberdade de ficarem afastadas de líderes opressores”, explica Jorge.
Muitas vezes, de acordo com Karyn, por meio da transição de carreira, o profissional recupera a autoestima e a felicidade no trabalho, repercutindo na sua vida particular e nos relacionamentos próximos. “Ficou claro que agora as pessoas querem fazer aquilo que realmente amam. É preciso fazer sentido, tem que ter propósito envolvido no trabalho”, completa Jorge.
Preciso mudar ou descansar?
Pode ser que essa busca por uma mudança na carreira seja, na verdade, uma necessidade de descanso das atividades atuais. Para fazer essa diferenciação, o trabalhador precisa estar atento aos sinais dados pelo seu corpo, alerta Jorge.
Quando se trata de cansaço, os feriados prolongados e férias tendem a resolver o problema. Isso porque, ao "descansar a cabeça", aquela pessoa consegue pensar em novas ideias para implantar em sua carreira ou na empresa que trabalha. Porém, quando se está no limite profissional, qualquer pensamento que apareça durante o feriado ou férias irrita o individuo, sendo descartado por não acreditar que vale a pena colocar em prática, já que não faz mais sentido.
Desânimo, irritação com questões cotidianas, sintomas de ansiedade, cansaço sem motivo aparente, falta de foco e de vontade de participar de atividades no trabalho, e não se sentir parte da empresa, são alguns sinais de que algo não vai bem na sua vida profissional. E os sinais aparecem no estado de humor e espírito. Como, por exemplo, quando a pessoa fica nervosa, tenso, ansiosa ou depressiva durante a jornada diária de trabalho.
“Se você sente que sua carreira não foi uma escolha consciente de sua parte, a partir de seus gostos pessoais, habilidades e talentos naturais, mas por imposição de familiares, amigos, cônjuge, ou necessidade de se manter financeiramente, é um indício que você deve fazer essa transição e buscar o que ama”, alerta Jorge.
Segundo Karyn, uma ótima forma de descobrir o que está acontecendo e encontrar possíveis soluções é fazer uma reflexão a partir das respostas dadas às seguintes perguntas:
- "Há quanto tempo eu tenho me sentindo assim?"
- "Quais foram os acontecimentos que contribuíram para que eu me sentisse assim?"
- "Eu me identifico com a empresa em que trabalho (valores, missão, cultura etc.)?"
- "Eu gosto do que eu faço?"
- "Eu escolhi fazer o que faço?"
- "Qual o sentido do meu trabalho?"
- "Aonde eu quero chegar? Consigo atingir este objetivo nesta empresa?"
- "A empresa me fornece as condições ideais para que eu desempenhe de forma satisfatória o meu trabalho?"
- "Eu me sinto reconhecido?"
- "O que eu tenho feito do meu tempo quando eu estou fora do ambiente de trabalho?"
- "Quais são as coisas que gosto de fazer fora do ambiente de trabalho? Tenho feito?"
Por onde começar a mudança de carreira?
A transição de carreira pode acontecer em qualquer momento da vida profissional, aos 18 ou aos 80 anos. Mas é importante que seja acompanhada de um plano estratégico.
O primeiro passo para iniciar a transição de carreira, segundo Karin, é definir um objetivo, projetando para onde ir e o que se espera com a mudança. "Faça uma retrospectiva e avalie todos os aspectos negativos e positivos da sua trajetória profissional. Com isso, você terá maior clareza sobre o que quer e o que não quer encontrar após a transição”, orienta a psicóloga.
Além disso, é importante verificar se está preparado tecnicamente para a mudança, avaliando os requisitos e recursos necessários para alcançar o objetivo, e se necessário, buscar as qualificações para a área que deseja ocupar, com cursos ou especializações. E caso a pessoa encontre dificuldades na organização dessa transição de carreira ou mesmo para encontrar o melhor caminho e resolver seus conflitos profissionais, Karyn orienta que busque ajuda profissional.
“É importante procurar um profissional da área, como psicólogo, consultor, coach ou mentor de carreira para que o auxilie com ferramentas para materializar a transição de carreira, como mapear habilidades técnicas, comportamentais, atitudinais e digitais. Com isso, ele poderá desenhar um plano de carreira para os próximos anos e um plano de ação para implantação”, complementa Jorge.