O jornal português Expresso publicou em 18 de março uma matéria a respeito da onda migratória de brasileiros rumo a Portugal que tem se desenhado nos últimos anos. Protagonistas de um fluxo emigratório relativamente constante desde a década de 1980, os brasileiros são hoje o maior grupo de estrangeiros residentes em Portugal, com 82.590 cidadãos, mais que o dobro do que os originários de Cabo Verde, que ocupam o segundo lugar.
Com a crise financeira que o país europeu viveu entre 2010 e 2014, muitos brasileiros voltaram ao seu país, mas a crise político-econômica que o Brasil vive desde 2015 voltou a atrair o interesse de brasileiros por Portugal. Naquele ano, 12.244 cidadãos brasileiros receberam a nacionalidade portuguesa; no ano seguinte, o número aumentou para 17.953.
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São, em sua maioria, pessoas entre 30 e 50 anos, profissionais estabelecidos, de classe média ou média alta, em geral casais com filhos em idade escolar. São famílias, segundo o jornal, “que poderiam ficar no Brasil, mas simplesmente não querem, invocando o crescimento exponencial da insegurança e da violência com que sempre conviveram. Que não veem um futuro à sua frente, que chegaram a um limite. Que cansaram disso”.
O jornal conversou com alguns brasileiros que deixaram seu país para viver em Portugal. O médico Bernardo Albergaria, por exemplo, tomou a decisão depois de dez anos refletindo sobre o assunto e dando mais uma chance para a situação do Brasil melhorar. “O Brasil é um paciente sem possibilidade terapêutica”, diz. Ele e Virgínia, sua esposa, saíram de Belo Horizonte com os filhos de 9 e 13 anos e alugaram um apartamento em Coimbra, onde Bernardo começou um doutorado.
Já Daniel Faleiros visitou Lisboa pela primeira vez em 2009. Voltou de férias com a esposa, Analú, quatro anos depois e, há pouco mais de um ano, com a crise política no Brasil, o casal decidiu se arriscar e tentar a vida em Portugal. Cansados da insegurança, deixaram o cômodo apartamento em Copacabana e se instalaram na capital portuguesa.
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“Se você tiver a sorte de não te acontecer nada, de ter uma saúde ótima e não ter de usar o sistema hospitalar, a sua vida é maravilhosa. Mas um dia você precisa de auxílio e aí sente o país de fato”, resume Daniel, que á ator de teatro. A família trocou o plano de saúde e a escola particular, indispensáveis para o estilo de vida que levava no Brasil, pelo sistema público de saúde português e por uma creche da Santa Casa.
Juliana Cerqueira, de Salvador, destaca a cordialidade que recuperou ao andar na rua sem preocupação e ouvir o “bom dia” nas padarias. As famílias brasileiras de classe média alta conseguem manter boa parte do padrão de vida que levavam, mas dispensaram babás e empregadas – o que agradou a Juliana, que nunca quis entrar na onda das pessoas do seu convívio social, que acham “obrigatório” ter uma empregada.
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