Um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e da Universidade de Washington (UW) confirmou o que muitos de nós experimentamos em nossas famílias nesses últimos meses, com o processo eleitoral: a polarização política deteriora de fato as relações familiares. A pesquisa, publicada em junho na revista Science, constatou que os jantares familiares de Ação de Graças de 2016, ocorridos 16 dias após a vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton nas eleições para a presidência dos Estados Unidos, duraram uma hora a menos em famílias divididas entre os dois candidatos.
Os pesquisadores exploraram dados anônimos da localização de telefones celulares de mais de 10 milhões de pessoas no território norte-americano e puderam determinar a residência de cada usuário. Cruzando esses dados com os das eleições, calcularam a probabilidade de cada usuário ter votado em Trump ou em Hillary.
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Assim, se pôde calcular a probabilidade de que os participantes de cada reunião familiar no Dia de Ação de Graças tivessem votado no mesmo candidato ou em candidatos diferentes. A festividade, que inicialmente era um ato de gratidão pela colheita do outono, é uma tradição norte-americana comparável à ceia de Natal em outros países.
Os resultados são claros: as reuniões familiares duraram em média 4 horas e 42 minutos nos casos em que os membros da família votaram no mesmo candidato e 3 horas e 45 minutos nas famílias cujos membros votaram de maneira distinta. A pesquisa revelou até mesmo que, nos casos em quem que eleitores de Hillary receberam em sua casa eleitores de Trump, a festa acabou mais cedo do que quando os anfitriões foram os eleitores republicanos.
Consequências
Os pesquisadores alertam para o fato de que a polarização tem efeitos nocivos para o conjunto da sociedade, reduzindo “as oportunidades para conversas entre eleitores de partidos diferentes”. Há 20 anos, o percentual de norte-americanos que expressava sentimentos “muito desfavoráveis” em relação ao partido oposto ao seu era de 19% – em 2016, chegou a 55%.
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Nessas situações, “as pessoas tendem a versões mais extremas de suas posições iniciais”, explica o artigo. Assim, “as pessoas esperam que os outros respondam ao debate no mesmo sentido que elas e atribuem a falta de convergência ao viés e à irracionalidade dos demais, enquanto veem a si mesmos e a quem pensa igual como mais neutros”.
Embora a pesquisa tenha se detido sobre o cenário dos Estados Unidos, ela pode ser aplicada em outras regiões do mundo em que se vê um aumento da polarização. “Não temos motivos para pensar que os efeitos corrosivos que encontramos nas relações familiares não se estendam à Europa”, diz Keith Chen, coautor do estudo. O mesmo pode ser aplicado, é claro, ao contexto da América Latina.
Com informações de Forum Libertas.
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