Síndrome multissistêmica é rara, atinge severamente coração, rins e tem na febre e mais um sintoma a forma de diagnosticá-la.| Foto: Bigstock
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A volta de grande parte das crianças às aulas e a chegada do calor estimulam encontros entre as crianças. Porém, mesmo com a redução nos casos de Covid-19 no país, pais de crianças ainda devem ficar atentos a sintomas da síndrome inflamatória multissistêmica (SIM), derivada da doença.

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Do ponto de vista epidemiológico, segundo especialistas, a síndrome não preocupa quando escolas têm protocolos muito bem definidos para evitar a contaminação e pais e crianças seguem as recomendações dadas por órgãos de saúde. “A incidência da doença é baixa, mas caso aconteça, o protocolo de tratamento é bem eficaz quando o diagnóstico é precoce, conseguindo-se evitar complicações”, diz o infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe.

O presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria Renato Kfouri também assinala a raridade da síndrome, porém afirma que pais devem estar atentos ao conjunto de sinais da doença, visto que, no Brasil, 7% dos casos de SIM resultam em óbito, principalmente devido a inflamações graves em diversos órgãos, como pulmão, coração e rins.

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Como surge a síndrome inflamatória multissistêmica

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A síndrome inflamatória multissistêmica é uma complicação pós-Covid que aparece de 2 a 6 semanas após o quadro agudo da infecção. Mais comum entre meninos e adolescentes – o fenômeno não é descrito em adultos –, atinge tanto indivíduos saudáveis, quanto quem porta doenças crônicas. “Vale ressaltar que a Covid-19 ocorre de maneira muito individualizada em crianças, não evolui da mesma forma em todas, como costuma ocorrer em adultos”, diz Costa Júnior. Segundo diretrizes recentes da OMS, certas condições subjacentes tornam mais suscetíveis a doenças graves como obesidade, doença pulmonar crônica (incluindo asma), doença cardiovascular e imunossupressão.

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Sintomas diferentes

A síndrome inflamatória multissistêmica tem três categorias de classificação, uma do CDC norte-americano, outra do Royal College, da Comunidade Europeia, e outra da Organização Mundial de Saúde, seguida pelos médicos no Brasil. “Tem como diagnóstico febre por mais de três dias, associada a dois outros sintomas, como conjuntivite não-purulenta, taquicardia, rash cutâneo (manchas vermelhas) e alterações de múltiplos órgãos como no sistema gastrointestinal, hematológico e cardíaco”, diz Costa Júnior.

Podem se somar a esses sintomas a falta de ar e cansaço, diz Kfouri, mas o diagnóstico só pode ser confirmado quando a criança passa por um teste e tem o anticorpo positivo ou história de uma infecção recente pelo novo coronavírus. “O exame de RT-PCR não é necessário porque a síndrome é uma complicação tardia, então não tem mais infecção pela Covid-19 em vigência”, diz ele.

Tratamento da síndrome

O tratamento da síndrome inflamatória multissistêmica, que é um quadro de choque, segundo os especialistas, é feito, basicamente, com a realização de imunoglobulina em dose alta e única ou também com corticoide em doses usuais ou em esquema de pulsoterapia.

Os médicos alertam que seja em quadro de Covid-19 vigente, seja da síndrome pós-Covid, o importante para a saúde da criança é o acompanhamento de um médico, para que o diagnóstico clinico precoce signifique evolução favorável pra criança. “As vacinas não só protegem da Covid-19, mas protegem de suas complicações, como a SIM e a Covid longa, que tem atingido crianças e adolescentes. Por enquanto, no Brasil, ela está liberada só acima de 12 anos, mas esperamos o registro da vacina para o público entre 5-11, a faixa em que a SIM mais atinge, pois que 2/3 dos casos dela está entre os 4 e 12 anos. Então a vacina previne a doença, mas também a hospitalização, morte, transmissão e esses desdobramentos como a Covid longa e a SIM, que segue sendo extremamente rara”, diz Kfouri.