Vacinar contra o sarampo é medida importantíssima neste momento e não pode ser deixada de lado.| Foto: CDC/Pexels
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Vacinas para outras doenças também são armas efetivas no combate à Covid-19. Seja por uma ação indireta, seja por poderem ter algum efeito direto contra a doença, como no caso da BCG, que vem sendo pesquisada e na última terça-feira (20) começou a ser testada no Brasil, ainda sem resultados.

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Por enquanto, os benefícios diretos dessa e de outras vacinas são apenas especulações, que se baseariam no ganho de proteção ao se imunizar para outras doenças, como explica Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações. “Vacinas com componentes vivos podem ter o chamado efeito inespecífico de, eventualmente, reduzir a ocorrência de outras doenças, por um ‘treinamento’ do sistema imunológico. Tem-se tentado ver se vacinas, não para Covid-19, teriam papel na modulação da resposta imune e se elas preveniriam formas mais graves das doenças”, diz.

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Como vacinar protege

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No momento, as vacinas do Calendário Nacional de Imunização podem ajudar de forma indireta contra a nova doença. Segundo a chefe da Divisão de Vigilância do Programa de Imunização da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, Vera Rita da Maia, o indivíduo com a vacinação em dia descarta várias doenças infecciosas, ajudando no diagnóstico da Covid-19. “Por se tratar de uma doença nova, ainda não há estudos da predisposição entre ela e as doenças imunopreveníveis, mas qualquer tipo de infecção denota que as defesas (sistema imunológico) estão debilitadas (o que é causado também por algumas comorbidades), o que pode levar ao agravamento do quadro”, diz ela.

Sarampo acima de tudo

Além da queda da cobertura vacinal, que ocorre ano após ano, a pandemia distanciou ainda mais as pessoas da imunização, o que pode ter efeitos graves na saúde da população, segundo Kfouri. “Muitos deixaram de se vacinar com medo de frequentar Unidades de Saúde. Porém, para as crianças, o risco de não se imunizar é muito maior do que o risco da Covid-19. Um estudo africano recente mostrou que ter vacinas em atraso para sarampo, coqueluche, meningite, pneumonia, entre outras do calendário, gera um risco de hospitalização e mesmo de morte 60 vezes maior do que o risco ao qual a Covid-19 expõe”, diz ele. “Então, as famílias que não colocam a vacinação do filho em dia, por medo do novo coronavírus, estão cometendo um grande equívoco”, diz ele.

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Problema de não vacinar

Um dos malefícios da não-vacinação progressiva, que reduz a cobertura vacinal, é a formação de grupos de indivíduos suscetíveis a determinada doença, como o ocorrido recentemente com o sarampo. “A doença foi reintroduzida passados 20 anos sem casos no estado do Paraná, por exemplo. O sarampo pode ter complicações e até mesmo levar ao óbito, principalmente em crianças menores de 1 ano de idade. Também as demais doenças imunopreveníveis, como febre amarela, meningite, tétano e coqueluche, podem deixar sequelas graves e levar ao óbito”, diz Vera Rita.

O vírus do sarampo tem alta transmissibilidade quando encontra bolsões de não-vacinados e pode formar uma cadeia de transmissão. “Sarampo não poupa suscetíveis”, diz Kfouri, alertando que, das doenças de transmissão respiratória conhecidas, ela talvez seja a mais transmissível, e é um exemplo de doença que compromete não só na fase aguda, mas mais cronicamente em curto e médio prazo.

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A vacina para o sarampo está disponível nas Unidades de Saúde o ano todo e é aplicada aos 12 e 15 meses de idade, podendo ainda ter uma Dose Zero para crianças aos 6 meses de idade. “O sarampo tem acontecido mais no Brasil em adolescentes e adultos jovens, mas, em número absoluto, atinge mais os pequenininhos, especialmente no primeiro ano de vida”, diz Kfouri. “Para indivíduos até 59 anos de idade sem carteirinha ou sem comprovante da vacina, recomenda-se procurar o serviço de saúde para atualizar seu esquema vacinal”, diz Vera Rita.

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