As coberturas vacinais em crianças menores de 1 ano estão abaixo de 70%.| Foto: Bigstock
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A constatação é alarmante. Muitas crianças estão com o calendário de vacinas atrasado porque os pais deixaram de procurar as unidades de saúde com medo da pandemia de Covid-19. O Ibope entrevistou 2 mil brasileiros em 5 capitais e 33% dos participantes afirmaram que a vacinação dos filhos não está em dia. O problema se repete em outros lugares do mundo e até a Organização das Nações Unidas já demonstra preocupação.

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Pelos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde e Unicef, 23 milhões de crianças não foram vacinadas contra difteria, tétano e coqueluche em 2020. É o índice mais alto desde 2009. E essa não é a pior notícia. Estima-se que 17 milhões não tomaram vacina alguma no ano passado.

A médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, diz que aqui no Brasil a situação também é grave. “As nossas coberturas vacinais em crianças menores de 1 ano estão todas abaixo de 70%. Isso significa que várias as doenças que foram controladas ou eliminadas podem voltar”, revela.

Foi exatamente o que aconteceu com o sarampo. Em 2016 o Brasil e as Américas foram reconhecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde como áreas livres da doença. De acordo com a médica, em 2020, foram registrados ao menos 8 mil casos de sarampo no país. “É frustrante para nós e muito grave para a população. A população não vê esse risco”, lamenta.

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Isabella também chama a atenção para o risco de contaminação de doenças graves como a poliomielite, erradicada do Brasil em 1989, e até a meningite. Além da gravidade da doença e das consequências que trazem à saúde, o problema, segundo ela, é a sobrecarga da estrutura de saúde, que já passa por uma fase complicada em decorrência da pandemia de Covid-19.

“Se a gente tem aumento de outras infecções, aumentam as suspeitas de diagnóstico de Covid-19. Outra questão é que atrapalha a vida porque tem quarentena, afastamentos. Os pais têm que faltar no trabalho, crianças faltam a escola”, justifica a médica.

Maria Gabriela Garbelini Galerani, pediatra credenciada da Paraná Clínicas/SulAmérica afirma que a vacina é a principal arma contra doenças que atingem as crianças especialmente nos primeiros anos de vida. “Vacina salva vidas. É a estratégia pública que mais teve impacto na redução da mortalidade infantil”, reforça.

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A pediatra reforça que nesse momento, em que as escolas estão retomando as atividades presenciais, é essencial que a carteira de vacinação atualizada seja exigida para que o ritmo de vacinação retome índices menos preocupantes. “Criança tem contato muito frequente com vários vírus e o sistema imunológico delas precisa estar preparado. O organismo está sempre em alerta”, diz ela.

Maria Gabriela lembra, ainda, que existem crianças que não podem ser vacinadas em decorrência de alguma doença, por exemplo. E é por isso que a vacinação coletiva é tão importante. “Se todas as outras crianças estão vacinadas, acaba protegendo essa criança que não pode vacinar. Uma criança não vacinada em uma escola coloca em risco muitas outras”, ressalta.

“Desinformação faz com que as pessoas negligenciem a vacinação”, afirma Isabella. Para elas as pessoas estão tão preocupadas com a Covid-19 que esqueceram que outras doenças são tão ou mais graves. “Dengue e febre amarela continuam contaminando as pessoas. Não dá pra vacilar”, avisa. “Vacinação em dia é obrigação dos pais e um direito da criança”, conclui Maria Gabriela.