Dados preliminares dos estudos de fase 3 da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório CanSino Biologics, em conjunto com o Instituto Científico Militar da China, foram divulgados nesta segunda-feira (8) pelo ministro da Saúde do Paquistão, Faisal Sultan, via perfil no Twitter. A eficácia geral, contra casos sintomáticos da doença, foi de 65,7%.
Contra casos graves da Covid-19, a vacina Ad5-nCoV apresentou uma eficácia de 90,98%, segundo o ministro. Os estudos de fase 3 incluíram 30 mil participantes, distribuídos por México, Argentina, Rússia, Chile e Paquistão. Destes, 101 casos de Covid-19 foram confirmados entre os participantes.
O braço da pesquisa no Paquistão calculou uma eficácia de 74,8% contra casos sintomáticos e 100% de prevenção a Covid-19 grave, segundo Sultan. Ainda de acordo com o ministro, nenhum efeito colateral grave foi registrado.
Mais detalhes sobre a pesquisa, como quantos participantes desenvolveram a doença em cada grupo, não foram divulgados. Os resultados também não foram publicados em nenhuma revista científica ainda, e nem revisados por outros pesquisadores até o momento.
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Dose única
A vacina da CanSino é o segundo imunizante que utiliza um regime de apenas uma dose a divulgar os dados de eficácia. O primeiro, desenvolvido pela Janssen - braço farmacêutico da Johnson & Johnson -, apresentou uma eficácia de 66%, segundo dados divulgados pela empresa no fim de janeiro.
Os valores entre as duas são bem próximos, e não tão surpreendentes quantos os dados de eficácia de outras vacinas. A diferença é que, tanto a vacina da CanSino quanto da Janssen exigem apenas uma dose para o desenvolvimento da imunidade.
O imunizante da CanSino já recebeu a aprovação de uso para os membros do Exército na China no ano passado. Até o momento, estima-se que entre 40 a 50 mil pessoas tenham sido imunizadas com essa candidata.
Vetor Viral
A estratégia usada pela vacina da CanSino para ensinar o sistema imunológico a se defender do novo coronavírus é chamada de vetor viral. Outras vacinas também usam a mesma abordagem, como o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford/AstraZeneca, a Sputnik V, do Instituto Gamaleya, na Rússia, e a própria vacina da Janssen.
Os pesquisadores usam, como uma espécie de "fantasia", um vírus que servirá de vetor, para enganar o sistema imunológico. Um dos vírus mais usados nas vacinas contra a Covid-19 é o adenovírus, causador do resfriado comum.
Na sequência, os pesquisadores retiram toda a informação genética do adenovírus e, por meio de um processo de engenharia, inserem um gene que é capaz de produzir proteínas do novo coronavírus.