Na revista científica "Allergy", estudo analisa resposta dos anticorpos entre quem passou pela Covid-19 para avaliar imunidade.
Na revista científica “Allergy”, estudo analisa resposta dos anticorpos entre quem passou pela Covid-19 para avaliar imunidade.| Foto: Bigstock

Cerca de 20% das pessoas que superam a Covid-19 não desenvolvem imunidade ao vírus causador da doença, de acordo com estudo desenvolvido pela Universidade de Medicina de Viena. A explicação, de acordo com os pesquisadores, é que a imunidade só é alcançada se forem produzidos anticorpos contra uma parte específica das espículas (proteína S, localizada na superfície do coronavírus) que permite que o vírus tenha aderência às células que infecta.

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Em algumas pessoas, os pesquisadores adiantam que esse mecanismo não funciona. Segundo eles, isso também pode explicar o motivo pelo qual essas pessoas não desenvolvem proteção contra os tipos de vacinas disponíveis atualmente. Os resultados do estudo foram publicados no fim de agosto na revista científica "Allergy", periódico da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI, na sigla em inglês).

Imunidade

A proteção que evita a infecção da Covid-19 apenas se desenvolve se forem produzidos anticorpos contra o "domínio de ligação ao receptor", ou RBD, uma parte de uma espícula viral, a proteína semelhante a uma saliência com a qual o vírus se liga à célula hospedeira.

O grupo de imunologistas e alergistas já tinha observado há um ano que um grupo de pessoas que tinha desenvolvido sintomas leves da doença não era capaz de desenvolver anticorpos protetores contra o vírus SARS-CoV-2. Isso não significa que quem desenvolveu formas graves da Covid-19 tenha uma proteção maior – essa questão ainda está sendo estudada.

Os pesquisadores expandiram o estudo com uma técnica que aplica um grande número de antígenos virais a um chip de tamanho microscópico. Neste, peptídeos – um tipo de molécula – também são fixados até que a espícula do vírus seja coberta.

A reação imunológica que os cientistas esperavam ver nos peptídeos ocorreu apenas contra a espícula intacta e dobrada, mostrando que apenas o RBD dobrado, mas não a desdobrada, produz proteção quando imunizada.

Resposta das vacinas

Uma vez que as vacinas genéticas em uso hoje imitam a infecção, é possível que os casos em que as vacinas não funcionem se devam à falta de desenvolvimento de anticorpos contra o RBD dobrado.

Por esse motivo, os autores do estudo sugerem que uma vacina baseada em RBD seja desenvolvida para induzir anticorpos específicos para essa parte da espícula.

Uma forma, dizem, de explorar melhor o "calcanhar de Aquiles do vírus", como definido por Rudolf Valenta, um dos coordenadores do estudo, que lembra que esse ponto de acoplamento SARS-CoV-2 não muda substancialmente em mutações sucessivas.

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