Elas sofrem com alterações de humor todos os meses durante o período menstrual, veem seu corpo e mente serem transformados completamente durante a gravidez, parto e pós-parto, e precisam enfrentar a menopausa, que acontece entre os 45 e 55 anos. Além disso, recebem a exigência diária de serem mulheres eficientes, mães dedicadas e profissionais exemplares, o que aumenta sua ansiedade e estresse. O resultado? As mulheres apresentam quase duas vezes mais chances que os homens de desenvolver depressão.
De acordo com a psicóloga e psicanalista Andreia Moessa Coelho, isso acontece porque a fisiologia do corpo feminino, unida às exigências da sociedade, geram um desconforto muito grande. “E esse sofrimento acaba aparecendo por meio de doenças físicas e emocionais”, afirma a terapeuta, ao citar principalmente casos em que a mulher teve dificuldades no relacionamento conjugal, sofreu interferência em suas escolhas ou lidou com muitas cobranças ao ser esposa, mãe e trabalhadora.
Com isso, além de estar sujeita aos fatores que envolvem a saúde emocional de todas as pessoas em qualquer situação, essa mulher também precisa de acompanhamento em três períodos significativos da vida para evitar os tipos de depressão que acometem somente o público feminino nessas fases. Veja quais são:
1. Transtorno disfórico pré-menstrual
Ainda pouco conhecida, essa doença mental foi apresentada recentemente pela Associação Psiquiátrica Americana a fim de diagnosticar as pacientes que apresentam sintomas graves durante o período menstrual. “Esse problema faz com que elas não consigam lidar com o trabalho, relacionamentos e com diversas situações da vida”, afirma a especialista, ao citar sinais como irritabilidade excessiva, tristeza, pensamentos suicidas, alterações no apetite, inchaço, sensibilidade mamária e dor nas articulações ou músculos. Por isso, ao perceber esses sinais, é necessário buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra para entender o que há por trás dos desconfortos e tratar o problema de forma adequada.
2. Depressão perinatal
Outra depressão que atinge somente as mulheres é a perinatal, ou seja, aquela que afeta a mãe antes ou depois do nascimento do bebê devido às inúmeras mudanças que ela enfrenta nessa fase, alterações hormonais e à exaustão ao cuidar do recém-nascido. “Afinal, a mulher passa por uma transformação e vive uma espécie de luto ao deixar de ser só filha para se tornar mãe”, aponta Andreia, explicando que nem todas conseguem administrar bem tudo isso.
No entanto, não é qualquer preocupação, alteração de humor ou cansaço nos períodos pré-natal ou pós-parto que serão considerados sinais de depressão. Isso porque é comum que a mãe fique desanimada ou mais irritada durante alguns dias, principalmente nas duas primeiras semanas após o nascimento da criança, quando ela e o bebê ainda estão se adaptando à nova rotina.
“O que não pode ocorrer é um desinteresse pela vida, dificuldade para a mulher criar vínculo afetivo com seu filho, perda ou excesso de apetite, e ainda insônia ou hipersonia, que é aquele sono exagerado”, afirma a psicóloga, ao alertar que esses são, sim, sintomas de depressão e devem ser investigados por um especialista o quanto antes.
3. Depressão perimenopausa
Depois da maternidade, outro momento que modifica completamente o corpo e a mente das mulheres é a menopausa, pois marca a transição delas para a velhice. “E isso é algo muito difícil porque, ainda que você tenha evitado a gravidez durante sua vida inteira, é diferente saber que não poderá mais ter filhos”, aponta a psicanalista. “Sem contar que você está passando para um estágio chamado de melhor idade, mas que, na verdade, é um tempo do declínio, quando perderá a vitalidade do corpo”.
Além disso, é nesse momento que a mulher realiza uma autoavaliação e, muitas vezes, percebe que deixou sonhos para trás, não fez o que queria e não aproveitou o tempo com as pessoas que desejava. “Então, acaba não conseguindo lidar de forma adequada com o envelhecimento e com a vida que teve, e isso traz sofrimento”, afirma Andréia, que indica a busca por um terapeuta que a paciente já conheça ou que tenha sido indicado por alguém. “Lembrando que tratamentos medicamentosos sozinhos não fazem efeito, então é necessário que eles sempre sejam acompanhados pela psicoterapia”, orienta.